Sudão. Londres anuncia fim dos voos militares de retirada de cidadãos
O Reino Unido vai terminar no sábado os voos militares para retirar os seus cidadãos e famílias que se encontram retidos no Sudão devido aos confrontos, anunciou hoje o Governo britânico.
© AFP via Getty Images
Mundo Sudão
"As pessoas devem esperar que, dentro de 24 horas, ou seja pelas 18:00 (hora em Londres e Lisboa) de amanhã [sábado], terminemos estes voos" para retirar os cidadãos britânicos, disse o vice-primeiro-ministro Oliver Dowden à imprensa britânica.
"Mais de 1.500 pessoas", na sua maioria cidadãos britânicos e suas famílias, foram retiradas do aeródromo de Wadi Saeedna, perto da capital, Cartum.
Mais de 2.000 cidadãos britânicos tinham comunicado às autoridades que pretendiam sair do Sudão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros precisou pelo seu lado que as pessoas que desejassem ser retiradas deveriam dirigir-se ao aeródromo até às 10:00 TMG (11:00 em Lisboa) de sábado.
A razão para o fim dos voos foi a "queda significativa" do número de cidadãos britânicos que se deslocam ao aeródromo de onde partem os voos, disse Dowden.
O governante negou que houvesse qualquer intenção de deixar cidadãos britânicos para trás e disse que as autoridades manteriam "apoio diplomático" em vários pontos de saída do país, como Porto Sudão.
O Reino Unido começou a retirar os seus cidadãos por aviões militares na terça-feira, em resposta ao cessar-fogo entre as partes beligerantes, tendo já retirado no domingo o seu pessoal diplomático e respetivas famílias.
O Governo continua a ser fortemente criticado pelo facto de demorar mais tempo a retirar os seus cidadãos do que outros países.
Os testemunhos de médicos que trabalham no sistema público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês), que foram impedidos de sair do Sudão por não serem cidadãos britânicos, são amplamente divulgados nos meios de comunicação britânicos.
Na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly, apelou aos cidadãos britânicos que pretendessem deixar o Sudão para partirem "enquanto o cessar-fogo estiver em vigor".
O cessar-fogo, que deveria expirar à meia-noite (21:00 em Lisboa) de quinta-feira, foi prolongado por mais 72 horas, embora os combates continuem em várias partes do país.
O Sudão entrou hoje no décimo quarto dia consecutivo de confrontos entre o exército e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), um conflito que já fez mais de 500 mortos e mais de 4.000 feridos e obrigou milhares de sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egito ou o Chade.
As duas partes envolvidas no conflito iniciaram hoje uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos da América e a Arábia Saudita para facilitar a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.
Nos últimos dias, apesar de terem sido anunciadas tréguas, têm-se verificado combates de baixa intensidade.
Vários países já concluíram as operações de retirada dos seus cidadãos e pessoal diplomático no Sudão, mas outros continuam o processo por terra, mar e ar.
Vinte portugueses que pretendiam deixar o Sudão já foram retirados no país, anunciou na quarta-feira, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), divulgou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.
Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.
Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.
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