Após quatro anos de trabalho no maior secretismo, o documento, redigido em gronelandês, e composto por 49 parágrafos, foi apresentado ao parlamento local da Gronelândia, o Inatsisartut, onde deverá agora ser discutido.
O texto não se pronuncia taxativamente sobre alguns pontos, entre os quais a justiça e o acesso a um passaporte gronelandês, adiantaram os meios de comunicação locais.
O documento também não faz qualquer referência à monarquia, embora se coloque a questão de saber se a rainha ou o rei da Dinamarca continuarão a ser chefes de Estado.
"Para já, esta é uma questão essencialmente gronelandesa. Só diz respeito à Dinamarca depois de a Gronelândia o ter discutido e em função do que os políticos decidirem", disse à AFP Ulrik Pram Gad, investigador do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais e especialista nas relações entre a Dinamarca e a Gronelândia.
A segunda maior ilha do mundo, depois da Austrália, é autónoma desde 1979 e situa-se no Oceano Ártico a cerca de 2.500 quilómetros da potência tutelar, à qual deve ainda um quarto do seu PIB anual, sob a forma de subvenções.
A Gronelândia, com uma população de cerca de 55.000 habitantes num enorme território de quase 2,2 milhões de quilómetros quadrados, tem a sua própria bandeira, língua, cultura, instituições e um primeiro-ministro.
Juntamente com a Dinamarca continental e as Ilhas Faroé, forma a "Comunidade do Reino" da Dinamarca, mas não faz parte da União Europeia desde 1985.
Desde 2009, apenas a moeda, a justiça e os assuntos externos e de segurança estão sob a autoridade da Dinamarca.
A lei da autonomia estipula que qualquer decisão sobre a independência é tomada pelo povo gronelandês, que inicia então as negociações entre Copenhaga e o governo de Nuuk.
O acordo resultante, concluído com o consentimento dos parlamentos dinamarquês e gronelandês, deve então ser adotado por referendo na Gronelândia.
A intenção do Presidente dos Estados Unidos em 2018, Donald Trump, de comprar a Gronelândia causou um incidente diplomático e um protesto.
Apesar de ter desistido da ideia de comprar a Gronelândia, Washington está a ganhar influência na posição geográfica estratégica da Gronelândia.
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