Gronelândia tem projeto de Constituição para eventual independência

Uma comissão da Gronelândia apresentou sexta-feira um projeto inédito de Constituição, no qual as autoridades do território autónomo do Ártico dinamarquês poderão basear os seus planos de independência.

Notícia

© Getty Images

Lusa
29/04/2023 06:53 ‧ 29/04/2023 por Lusa

Mundo

Gronelândia

Após quatro anos de trabalho no maior secretismo, o documento, redigido em gronelandês, e composto por 49 parágrafos, foi apresentado ao parlamento local da Gronelândia, o Inatsisartut, onde deverá agora ser discutido.

O texto não se pronuncia taxativamente sobre alguns pontos, entre os quais a justiça e o acesso a um passaporte gronelandês, adiantaram os meios de comunicação locais.

O documento também não faz qualquer referência à monarquia, embora se coloque a questão de saber se a rainha ou o rei da Dinamarca continuarão a ser chefes de Estado.

"Para já, esta é uma questão essencialmente gronelandesa. Só diz respeito à Dinamarca depois de a Gronelândia o ter discutido e em função do que os políticos decidirem", disse à AFP Ulrik Pram Gad, investigador do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais e especialista nas relações entre a Dinamarca e a Gronelândia.

A segunda maior ilha do mundo, depois da Austrália, é autónoma desde 1979 e situa-se no Oceano Ártico a cerca de 2.500 quilómetros da potência tutelar, à qual deve ainda um quarto do seu PIB anual, sob a forma de subvenções.

A Gronelândia, com uma população de cerca de 55.000 habitantes num enorme território de quase 2,2 milhões de quilómetros quadrados, tem a sua própria bandeira, língua, cultura, instituições e um primeiro-ministro.

Juntamente com a Dinamarca continental e as Ilhas Faroé, forma a "Comunidade do Reino" da Dinamarca, mas não faz parte da União Europeia desde 1985.

Desde 2009, apenas a moeda, a justiça e os assuntos externos e de segurança estão sob a autoridade da Dinamarca.

A lei da autonomia estipula que qualquer decisão sobre a independência é tomada pelo povo gronelandês, que inicia então as negociações entre Copenhaga e o governo de Nuuk.

O acordo resultante, concluído com o consentimento dos parlamentos dinamarquês e gronelandês, deve então ser adotado por referendo na Gronelândia.

A intenção do Presidente dos Estados Unidos em 2018, Donald Trump, de comprar a Gronelândia causou um incidente diplomático e um protesto.

Apesar de ter desistido da ideia de comprar a Gronelândia, Washington está a ganhar influência na posição geográfica estratégica da Gronelândia.

Leia Também: Gronelândia e Antártida. Degelo causa 1/4 do aumento do nível do mar

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas