O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, negou, esta quarta-feira, que os dados do seu cartão de vacinação tenham sido alterados, suspeita que está a ser investigada pela Polícia Federal.
"Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final, nunca neguei isso", afirmou o antigo chefe de Estado em declarações aos jornalistas, na sua casa em Brasília - local que foi alvo de buscas pelas autoridades.
Bolsonaro reiterou que nem ele nem a sua filha Laura, de 12 anos, foram vacinados contra a Covid-19. "O que eu tenho a dizer a vocês? Eu não tomei a vacina. Uma decisão pessoal minha [...]. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado, ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Janssen. E a outra, minha filha, Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também, tem laudo médico no tocante isso", explicou, confessando que está "surpreendido" com a operação de buscas e apreensão de que foi alvo esta manhã. O ex-líder referiu que apenas a sua esposa, Michelle Bolsonaro, foi vacinada em setembro de 2021 nos Estados Unidos, quando o acompanhou à reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em causa estão 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, um dos quais em nome do ex-ajudante de Bolsonaro, Mauro Cid. A investigação está a tentar apurar alegadas suspeitas de alterações dos boletins de vacina contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Segundo o que adianta a TV Globo, duas doses de uma vacina teriam sido dadas a Jair Bolsonaro - a primeira, aplicada em agosto de 2022, e a segunda mais tarde, em outubro. Ambas terão sido dadas no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
De que se trata?
A alegada falsificação teria como objetivo garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, saltando a regra de vacinação obrigatória. As autoridades ainda investigam a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em causa estará a inclusão de dados falsos durante o período de novembro de 2021 até dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas terão conseguido emitir certificados de vacinação e não cumprir assim as restrições sanitárias aplicadas pelos países - Brasil e EUA.
As autoridades referem ainda, citadas pela imprensa brasileira, que têm como objetivo "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
Os factos investigados, segundo as autoridades locais, configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
O inquérito está a ser investigado no Supremo Tribunal Federal.
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