Uma mulher, de 33 anos, foi impedida de interromper a gravidez na Flórida, devido às leis anti-aborto deste estado norte-americano, mesmo sabendo que o seu bebé não sobreviveria ao nascimento.
Deborah Dorbert contou à CNN internacional que o filho Milo morreu nos seus braços, a 3 de março, logo após o nascimento, exatamente como os médicos previam que acontecesse.
"Engasgou-se algumas vezes quando o segurei", revelou, acrescentando que viu o filho "respirar pela primeira vez e logo a seguir, enquanto o segurava, respirar pela última vez".
A gravidez corria normalmente até novembro quando, com 24 semanas, a ecografia revelou que o feto não tinha rins e Deborah praticamente não tinha líquido amniótico. Além de ser claro para os médicos que o bebé não iria sobreviver ao parto, estes avisaram que a norte-americana corria também perigo de vida, devido ao elevado risco de pré-eclampsia.
Apesar disso, era tarde demais para interromper a gravidez na Flórida, que começou a proibir quase todos os abortos após as 15 semanas, em 2022. As únicas opções eram sair do estado onde vive para conseguir abortar ou carregar o bebé até ao nascimento. Como Deborah e o marido não tinham dinheiro para viajar, foram obrigados a seguir a segunda opção.
Durante 13 semanas Deborah viveu um pesadelo. Além de saber que o filho ia morrer ao nascer, todos os dias temia pela própria vida. Rapidamente começou a sofrer ataques de ansiedade e acabou por ser diagnosticada com uma depressão severa.
A lei da Flórida só permite que um aborto seja feito após as 15 semanas se dois médicos confirmarem o diagnóstico de uma anormalidade fetal por escrito. Contudo, muitos profissionais de saúde hesitam em fazê-lo com medo que alguém questione se a anormalidade fetal era realmente fatal, uma vez que as penas por violar a lei são severas. Os médicos não só ficam proibidos de exercer, como são alvo de multas avultadas e podem mesmo ser condenados a pena de prisão efetiva.
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