Para a antiga deputada italiana Emanuela del Re, os países africanos estão "a começar a perceber" que, apesar dos investimentos europeus requererem prazos maiores para atender a condicionalismos como a transparência, o seu resultado é "mais sólido" em comparação com investimentos chineses, que "afogam" os Estados com imensas dívidas.
"Temos de admitir que a China oferece oportunidades que excluem, por exemplo, certas restrições como condições dignas de trabalho, direitos humanos, contratos transparentes... e isso é algo com que não nos podemos comprometer", disse em entrevista à agência de notícias EFE, à margem da sua participação no fórum 'Estado da União", em Florença.
A representante da UE para o Sahel, uma faixa longitudinal que atravessa o deserto do Sahara desde o Senegal até à Eritreia, apresentou em Florença os mais recentes planos do Global Gateway, o programa de investimentos da UE em África que tem um envelope financeiro de 300 mil milhões de euros, e que os analistas consideram ser uma resposta à 'Belt and Road Initiative', referida como nova Rota da Seda, que é o plano mundial de investimentos da China em infraestruturas.
A presença europeia em África, salienta, continua "muito forte" em áreas como a cooperação internacional e a segurança, sendo o principal parceiro de alguns dos países do Sahel, o que compara com a presença chinesa, que há décadas pratica uma política "direta" que aposta nas infraestruturas e nos serviços, mas "deixa imensas dívidas que afogam os países", argumentou.
"A única maneira que a UE tem para contrapor ao peso da China é com boas políticas e insistindo que a Europa é o parceiro natural dos países africanos; temos que crer mais em nós próprios, levamos valores, respeitamos os direitos individuais e promovemos a prosperidade", acrescentou, admitindo que nos países do Sahel é difícil atrair investimentos externos por causa da insegurança, mas concluindo que "se a estabilidade chegar aos países, então chegarão novos investimentos".
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