O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, indicou, esta sexta-feira, que "qualquer país que se preze" recusaria, a partir de agora, conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, face ao alegado ataque com drones levado a cabo contra o Kremlin, na quinta-feira.
"Quanto ao ataque terrorista ao Kremlin e à residência do líder de Estado, deixamos clara a nossa posição. Acho que não devemos esperar mais incidentes e provocações", começou por dizer o responsável, durante uma conferência de imprensa, na Índia.
E prosseguiu: "Zelensky e a sua equipa estão a fazer de tudo no espaço mediático, e nos seus passos, para garantir que qualquer país que se preze se abstenha de falar ou de comunicar consigo. Isto é um facto", atirou, ameaçando que Moscovo está pronto para retaliar.
Nessa linha, Lavrov lançou que o regime russo sempre esteve "disposto a lidar com as consequências das tentativas dos EUA de bombardear a Ucrânia com armas", indicando que, neste momento, "há um entendimento crescente de que tais problemas não podem ser resolvidos na linha de contacto no Donbass".
"Acho que toda a gente compreende que o que está a acontecer é geopolítico. Sem resolver o problema geopolítico fundamental, que é o desejo do Ocidente de manter a sua hegemonia e impor a sua vontade a todos, nenhuma crise será resolvida", rematou.
Recorde-se que Moscovo acusou os Estados Unidos de estarem por trás de um ataque realizado pelos ucranianos ao Kremlin e de outros ataques ao território russo, mas Washington negou categoricamente qualquer envolvimento nestes atentados.
Por seu turno, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou também qualquer ligação com o ataque, referindo que Kyiv só se defende e não tem como alvo o território russo.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.709 civis desde o início da guerra e 14.666 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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