O chefe do grupo paramilitar mercenário Wagner, que está na linha da frente de guerra em Bakhmut revelou, esta terça-feira, que foi informado que o grupo será considerado "traidor" se abandonar as suas posições na cidade ucraniana.
Yevgeny Prigozhin ameaçou retirar as suas tropas da cidade no leste da Ucrânia, palco de uma longa batalha na tentativa de capturá-la, devido à falta de munições e a consequente morte dos seus soldados.
"Ontem chegou uma ordem de combate que afirmava claramente que, se deixarmos nossas posições, isso será considerado traição contra a pátria. Essa foi a mensagem para nós. [Mas] se não houver munição, deixaremos as nossas posições e seremos os que perguntam quem realmente está a trair a pátria. Aparentemente, é a pessoa que assinou a ordem para fornecer poucas munições", afirmou Prigozhin.
Apesar de ter dado o prazo do dia 10 de maio, amanhã, para a retirada da cidade, o líder do grupo Wagner avançou que as suas tropas vão permanecer em Bakhmut "durante mais uns dias", enquanto continuam a insistir em obter munições.
O líder do grupo Wagner já tinha responsabilizado diretamente o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado Maior da Rússia, Valeri Guerasimov, pela falta das munições pedidas para garantir o sucesso das suas unidades no campo de batalha.
"Deram-nos apenas 10% do que pedimos. Fomos enganados", reiterou o oligarca russo.
Prigozhin também acusou hoje os soldados do Exército russo de abandonarem posições em Bakhmut, no leste da Ucrânia, acrescentando que o Estado é incapaz de defender a Rússia.
De notar, contudo, que Prigozhin também já tinha ameaçado, na semana passada, suspender a investida militar contra as forças ucranianas, alegando, depois, ter-se tratado de uma piada.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.709 civis desde o início da guerra e 14.666 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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