A reunião será de alto nível e em formato quadripartido - Ucrânia, Rússia, Turquia e ONU -, anunciou na terça-feira Sergei Vershinin, vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros.
A atual validade do acordo expira em 18 de maio e a Rússia ameaçou não prorrogar o protocolo se as suas exigências não forem atendidas.
O governante insistiu que o Kremlin em 18 de março concordou renovar o acordo por apenas 60 dias e não 120, como Kiev e a ONU pediam, deixando claro que é "muito importante" para Moscovo a parte do acordo relacionada com a exportação de cereais e fertilizantes russos.
Os Estados Unidos e o Reino Unido pediram conjuntamente na terça-feira a extensão do acordo, acusando a Rússia de continuar a usar alimentos "como uma arma".
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, criticou ações de bloqueio de Moscovo com consequências na redução de alimentos nos mercados globais e nos países mais vulneráveis em África, Médio Oriente e outras regiões do mundo.
O acordo de exportação de cereais ucranianos e produtos agrícolas russos através do Mar Negro foi firmado no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia.
Segundo dados da ONU, as exportações de cereais e alimentos facilitadas pelo acordo do Mar Negro já estão perto de 30 milhões de toneladas desde que entrou em vigor em agosto do ano passado.
Segundo o acordo, todos os navios participantes nesta iniciativa devem ser inspecionados, num processo que ocorre em águas turcas por especialistas das quatro partes, tanto a caminho dos portos ucranianos como nas partidas.
Rússia e Ucrânia mantêm divergências sobre o acordo, e nos últimos tempos o ritmo das inspeções diminuiu significativamente, até que no domingo e na segunda-feira houve um bloqueio total, sem que nenhuma tenha sido realizada.
A atividade foi retomada na terça-feira com a inspeção de dois navios no Mar Negro.
Segundo as Nações Unidas, naquele dia 26 navios carregados com cereais e outros produtos alimentares estavam à espera em águas turcas para continuar a sua viagem, enquanto - segundo as autoridades ucranianas - outros 62 permaneciam pendentes de autorização para entrar nos portos do país.
Além da exigência da exportação dos seus produtos, Moscovo aponta dificuldades devido aos efeitos colaterais das sanções que o Ocidente lhe impôs após a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
A Ucrânia, por sua vez, acusa a Rússia de colocar todos os tipos de obstáculos à passagem de navios com cereais ucranianos.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enviou a Moscovo e às partes uma proposta escrita para alargar e alargar o acordo, mas até terça-feira não tinha resposta do Kremlin.
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