Depois de circularem informações de negociações de cessar-fogo bem-sucedidas, fontes palestinianas citadas pela estação televisiva Al-Jazeera e pelo diário israelita Haaretz indicaram que as conversações fracassaram porque Israel se recusou a pôr fim aos assassínios seletivos.
Um novo ataque aéreo israelita àquele território palestiniano causou hoje mais sete mortes, duas delas de crianças, e mais de 20 feridos entre a população civil.
O novo bombardeamento israelita ocorreu depois de as milícias palestinianas da Faixa de Gaza terem hoje lançado mais de 270 'rockets' contra Israel, segundo um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.
O ataque é, até agora, o maior deste ano e segue-se a mais de 24 horas de elevadas tensões na zona, após Israel ter abatido na terça-feira três altos dirigentes do grupo 'Jihad' Islâmica Palestina (JIP) em Gaza.
Em reação ao bombardeamento do exército israelita que matou Jalil Bahitini, Tareq Az Aldin e Jahed Ahnam, três dos principais líderes do JIP - grupo considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia (UE) -- a Câmara de Operações Militares Conjuntas, que reúne as fações armadas palestinianas da Faixa de Gaza (incluindo o JIP e o movimento islamita Hamas), advertiu de que Israel iria "pagar o preço da agressão", referindo-se a uma resposta armada.
"Os ataques da resistência unificada fazem parte do processo de resposta ao massacre cometido pela ocupação sionista e fazem parte da defesa do nosso povo palestiniano. A resposta da resistência é obrigatória e constante contra qualquer agressão", disse hoje o porta-voz do Hamas em Gaza, Abd al-Latif al-Qanu, sobre a resposta conjunta, que poderá conduzir a uma nova escalada da guerra.
Os bombardeamentos fizeram até agora 22 mortos do lado palestiniano, incluindo pelo menos 13 civis, muitos dos quais crianças, e mais de 40 feridos.
Os postos de passagem fronteiriça de Erez e Kerem Shalom, que permitem a circulação de pessoas e mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, permanecem encerrados, impossibilitando a retirada de civis daquele território, onde, bloqueados, vivem cerca de 2,5 milhões de palestinianos.
Na terça-feira à noite, a UE e os Estados Unidos instaram ao fim da escalada de violência, expressando "sérias preocupações" com os bombardeamentos da Faixa de Gaza e pedindo a "máxima moderação" às partes envolvidas.
Já hoje, juntou-se a esse apelo a Liga Árabe, reunida de emergência no Cairo, criticando o "contínuo e crescente ataque israelita ao povo palestiniano" e exigindo à ONU e à comunidade internacional que exerçam "a pressão necessária" para forçar Israel a suspender a "agressão e o assédio" à Faixa de Gaza.
Ao Conselho de Segurança da ONU, a Liga Árabe pediu para assumir as responsabilidades de manter a paz e a segurança internacionais na região, exigindo à organização liderada pelo ex-primeiro-ministro português António Guterres que "responsabilize também Israel, potência ocupante, pelas consequências da agressão".
Os líderes árabes instaram também o Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar os "crimes de guerra e contra a humanidade" que Israel "cometeu e continua a cometer contra o indefeso povo palestiniano".
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