Grupo Wagner envolvido no conflito do Sudão, diz Conselho de Soberania
O membro do Conselho de Soberania do Sudão Yaser al Ata afirmou hoje que o grupo russo Wagner está envolvido no conflito entre o exército e a Força de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) desde 15 de abril.
© Getty Images
Mundo Yaser al Ata
Numa declaração publicada hoje pelo diário saudita Al Sharq al Awsat, com sede em Londres, Yaser al Ata, membro daquele conselho, afirmou que o exército "tem um corpo de atiradores do Wagner" e que os mercenários da empresa russa estão principalmente no Darfur (oeste) "onde se situam as empresas de produção de ouro" do líder da RSF, Mohamed Hamdan Daglo, conhecido por Hamedti.
O responsável acusou ainda Hamedti de traficar "grandes quantidades de ouro sudanês" e disse que "as informações indicam que tem 53 toneladas em armazéns na Rússia e 22 toneladas num país irmão", que não especificou, "além de quantidades mais pequenas noutros países e dezenas no Sudão".
Apesar disto, o militar sudanês disse estar confiante de que o conflito no Sudão "vai acabar em breve" e não se transformará numa guerra civil, porque, afirmou, o exército controla todos os estados do país, e os paramilitares estão apenas em "algumas partes de Cartum", a capital.
"Estas batalhas não conduzirão a uma guerra civil, porque o exército inclui todas as tribos do Sudão", acrescentou.
O chefe do Estado-Maior afirmou que o exército não aceitará os paramilitares no futuro e que o diálogo que os representantes das duas partes mantêm, em grande segredo, na Arábia Saudita, "tem como único objetivo retirar as forças rebeldes da capital".
Esse diálogo está a decorrer desde sábado na cidade portuária de Jeddah, mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos e, com a ajuda da ONU, tem como principal objetivo chegar a um cessar-fogo permanente que permita o fluxo de ajuda humanitária para fazer face à situação dramática provocada pelos combates no Sudão.
As declarações de Al Ata surgem no momento em que termina hoje a trégua de sete dias anunciada pelo exército e pelas RSF, que, tal como as tréguas anteriores, não foi respeitada por nenhuma das partes.
Segundo a ONU, os combates no Sudão já mataram mais de 600 civis e feriram mais de 5.000, tendo ainda forçado à deslocação interna 700.000 sudaneses e à fuga do país de mais de 120.000.
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