"As observações do embaixador minam o espírito de cooperação e parceria entre os dois países" e "nenhuma evidência foi fornecida para apoiar essas acusações", refere um comunicado divulgado pela Presidência da África do Sul.
Pretória classifica como "lamentável" que o diplomata norte-americano tenha "adotado uma atitude pública contraproducente".
No Parlamento, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou entretanto que o governo está a investigar as acusações de que o país forneceu armas à Rússia na guerra contra a Ucrânia.
"Estamos todos cientes das notícias (...) e todo esse assunto está a ser investigado", disse Ramaphosa no Parlamento, questionado sobre o assunto pelo líder do maior partido da oposição, a Aliança Democrática (AD), John Steenhuisen.
"Permita que o processo continue para chegarmos a um esclarecimento. O assunto está a ser investigado e a seu tempo poderemos falar sobre ele", acrescentou o chefe de Estado.
Ramaphosa falou sobre esta questão depois de o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Pretória, Reuben Brigety, ter acusado hoje a África do Sul de fornecer apoio militar à Rússia, apesar da sua declarada neutralidade no conflito com a Ucrânia.
De acordo com Reuben Brigety, que falava num encontro com os meios de comunicação social locais, os EUA estão convencidos de que "armas e munições foram carregadas" a bordo de um cargueiro russo, que atracou perto da Cidade do Cabo no início de dezembro "antes de partir para a Rússia".
"Armar os russos é extremamente grave e pensamos que esta questão não está resolvida. Gostaríamos que a África do Sul começasse a praticar a sua política de não-alinhamento", acrescentou o diplomata durante a conferência de imprensa.
A África do Sul diz ter assumido uma posição neutra em relação à guerra na Ucrânia e apelou ao diálogo para resolver o conflito.
Esta posição está ligada não só ao papel estratégico político e económico que Moscovo tem em alguns países africanos, mas também a razões históricas como o apoio russo aos movimentos anticoloniais e de libertação do século XX, como a luta contra o regime segregacionista "apartheid" no caso da África do Sul.
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