Quénia. Produtoras de chá perdem certificação por acusações de abusos
Duas subsidiárias quenianas de gigantes mundiais de produção de chá perderam a certificação de produtos de sustentabilidade atribuída pela Rainforest Aliance, devido à ocorrência de dezenas de abusos sexuais nas suas plantações.
Acusação de abusos sexuais faz produtoras de chã perder certificação
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Mundo Quénia
Nairobi, 12 mai 2023 (Lusa) - Duas subsidiárias quenianas de gigantes mundiais de produção de chá perderam a certificação de produtos de sustentabilidade atribuída pela Rainforest Aliance, devido à ocorrência de dezenas de abusos sexuais nas suas plantações.
A Rainforest Aliance, um dos principais organismos que confere esta chancela a nível mundial, anunciou na quinta-feira a decisão de retirar a certificação depois de ter conduzido uma investigação ao caso, inicialmente denunciado pela cadeia britânica BBC.
Numa investigação transmitida em fevereiro, a BBC revelou que mais de 70 mulheres que trabalham em plantações de chá quenianas denunciaram ter sido abusadas sexualmente pelos seus superiores.
A Rainforest Alliance conduziu a sua própria investigação "sobre as duas plantações de chá citadas na reportagem: uma propriedade e operada pela James Finlay (Kenya) Limited (...), a outra pela ekaterra Tea Kenya PLC", proprietária entre outras da marca Lipton, disse a organização num comunicado.
"As auditorias confirmaram incumprimento dos critérios sociais e de gestão da Norma de Agricultura Sustentável da Rainforest Alliance. Com base nestes resultados, tomámos a decisão de suspender as certificações dos dois titulares" em causa, acrescenta.
A Rainforest Alliance é uma organização internacional que trabalha para "proteger as florestas e a biodiversidade, agir pelo clima, promover os direitos dos trabalhadores rurais e melhorar os seus meios de subsistência", de acordo com seu 'site'.
As autoridades quenianas também anunciaram investigações após a transmissão da reportagem, que investiga as plantações propriedade da Lipton Teas and Infusion, sociedade que foi até 2022 uma subsidiária da gigante britânica Unilever, e a também britânica James Finlay, uma subsidiária do conglomerado Swire.
Várias vítimas disseram que não tinham escolha a não ser ceder às exigências sexuais dos seus chefes para conseguirem obter ou manter os seus empregos. Uma disse que foi infetada pelo vírus VIH, enquanto outras engravidaram.
Uma jornalista da BBC, que se fez passar por uma potencial funcionária, foi também pressionada a consentir sexo em troca de um emprego.
Após estas revelações, a Lipton Teas and Infusions e James Finlay anunciaram a suspensão dos funcionários envolvidos e que tinham ordenado investigações.
ANP // LFS
Lusa/fim
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