Polícia morre em distúrbios com apoiantes do líder da oposição no Senegal
Um agente da polícia foi hoje morto no sul do Senegal durante confrontos entre a polícia e apoiantes do líder da oposição e candidato presidencial Ousmane Sonko, anunciou o Governo senegalês.
© Cistermúsica/Facebook
Mundo Senegal
O ministro do Interior do Senegal, Antoine Félix Abdoulaye Diome, anunciou em comunicado a morte de um polícia em Ziguinchor "na sequência de um trágico acidente provocado por uma viatura blindada do Grupo Móvel de Intervenção (GMI)".
A morte do agente ocorreu durante confrontos que começaram de manhã perto da casa de Sonko, que é também o presidente da câmara da cidade, quando a polícia chegou numa altura em que centenas de jovens estavam reunidos no local para tentar impedir a possível detenção do seu líder.
Além disso, de acordo com a Agência de Imprensa Senegalesa (APS, na sigla em francês), que se referiu a fontes hospitalares, três apoiantes do líder da oposição ficaram feridos e foram transportados para o hospital de Ziguinchor.
Durante os tumultos, a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os jovens, que responderam com pedras e bloquearam as ruas com troncos e pedras para dificultar o acesso à casa do líder da oposição.
Os protestos estenderam-se a vários pontos da periferia da capital, Dacar, onde os manifestantes ergueram barricadas e incendiaram pneus.
Desde o fim de semana passado, os apoiantes de Sonko têm estado a guardar a sua casa, no meio de rumores sobre a iminente detenção do político, relacionada com o início de um julgamento previsto para terça-feira, por alegadamente ter violado e ameaçado de morte uma massagista.
No início de maio, Sonko anunciou que não responderia mais às convocações do tribunal sem que a sua segurança fosse garantida, depois de ter sido atingido por gás lacrimogéneo pelas forças de segurança quando se dirigia para o tribunal em março passado.
O processo pelo qual será julgado terça-feira remonta ao início de 2021 e esteve na origem de violentos protestos em março desse ano, que causaram a morte de pelo menos 14 pessoas - 12 das quais mortas a tiro, segundo a organização Amnistia Internacional -, depois de Sonko ter sido detido "por perturbação da ordem pública" quando se preparava para comparecer num tribunal de Dacar, rodeado por uma multidão de apoiantes.
O líder da oposição foi também condenado, em 8 de maio, a uma pena de prisão suspensa de seis meses por difamação e calúnia pública de um ministro senegalês, depois de o ter acusado de corrupção, uma sentença que põe em causa a sua elegibilidade para participar nas eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024.
Sonko denunciou a "instrumentalização" da justiça pelo Presidente, Macky Sall, eleito em 2012 e reeleito em 2019, para o excluir da corrida presidencial.
Tanto a possível desqualificação de Sonko das eleições presidenciais como o possível anúncio de uma terceira candidatura de Sall, que não é permitida pela Constituição, estão a deixar o país em suspenso.
Conhecido pelo seu discurso "antissistema", Sonko critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês e goza de forte apoio no seio da juventude senegalesa.
Leia Também: Opositor senegalês Ousmane Sonko condenado a pena suspensa de seis meses
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