O anúncio foi feito horas depois de o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, ter negado as acusações dos Estados Unidos de que o seu país estava do lado da Rússia na guerra na Ucrânia e tinha enviado armas para a ajudar.
O general Oleg Salyukov, comandante das forças terrestres russas, encontrou-se com o chefe do exército sul-africano, tenente-general Lawrence Mbatha, no quartel-general do comando geral da Rússia em Moscovo, detalhou o ministério russo.
"As partes discutiram questões de cooperação militar e a execução de projetos destinados a aumentar a prontidão de combate dos exércitos dos dois países", lê-se no comunicado russo.
"A reunião entre os comandantes militares resultou em acordos sobre a expansão da cooperação entre as forças terrestres em várias áreas", acrescenta-se.
Na nota anuncia-se que a delegação sul-africana tem em agenda visitas a várias unidades do exército russo "de formação e treino".
O exército sul-africano disse que a viagem foi planeada muito antes de o embaixador dos EUA na África do Sul ter alegado, na semana passada, que o país tinha fornecido armas à Rússia quando um navio sob sanções dos EUA fez uma paragem secreta numa base naval sul-africana em dezembro de 2022.
O governo sul-africano negou que a paragem do cargueiro russo tenha envolvido uma venda oficial de armas, embora não tenha excluído categoricamente a possibilidade de uma transação de armamento.
Ramaphosa afirmou que está a decorrer uma investigação para determinar se foram carregadas armas no navio de carga "Lady R", de bandeira russa, na base naval de Simon's Town, perto da Cidade do Cabo.
O Presidente sul-africano aproveitou hoje a sua mensagem semanal à nação para reafirmar a posição não alinhada da África do Sul em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A declaração do Presidente foi vista como uma resposta ao embaixador dos EUA na África do Sul, Reuben Brigety, que questionou a neutralidade da África do Sul na guerra da Ucrânia ao fazer as alegações sobre um carregamento de armas.
Brigety foi posteriormente convocado para uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da África do Sul.
"Não aceitamos que a nossa posição não alinhada favoreça a Rússia em detrimento de outros países", escreveu Ramaphosa na sua mensagem semanal.
"Nem aceitamos que isso ponha em risco as nossas relações com outros países", vincou, acrescentando: "Temos sido firmes neste ponto: A África do Sul não foi, e não será, arrastada para uma disputa entre potências mundiais".
Ramaphosa também deu a entender que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, visitará a África do Sul para uma cimeira dos líderes do bloco económico BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] em agosto.
O Kremlin ainda não confirmou se Putin participa na cimeira.
Tal viagem envolveria a África do Sul noutra confusão diplomática porque o país é signatário do tratado que criou o Tribunal Penal Internacional, que emitiu um mandado de captura de Putin em março por alegados crimes de guerra envolvendo o rapto de crianças da Ucrânia.
Desde a emissão do mandato, Putin tem viajado raramente, e apenas para países aliados próximos da Rússia.
Os países signatários do tratado estão obrigados a deter o líder russo.
Embora a Rússia e a África do Sul tenham descrito a reunião de hoje entre os dois generais como parte de uma viagem bilateral normal, a mesma deverá aumentar o escrutínio da economia mais desenvolvida de África, que é vista como uma nação influente no mundo em desenvolvimento.
Para além das alegações sobre as armas, a África do Sul também recebeu navios de guerra russos e chineses e participou em exercícios navais ao largo da sua costa oriental em fevereiro, que coincidiram com o aniversário de um ano da invasão russa da Ucrânia.
Brigety disse na semana passada que os funcionários dos EUA "respeitam a política de neutralidade e não-alinhamento da África do Sul nos assuntos internacionais", mas "notaram uma série de questões que sugerem que, na prática, o governo da África do Sul não está de facto não-alinhado".
A Associated Press verificou de forma independente que o "Lady R" parou na base naval sul-africana durante pelo menos três dias em dezembro.
Segundo a agência noticiosa norte-americana, o "Lady R" está ligado a uma empresa que foi sancionada pelos EUA por transportar armas para o governo russo e ajudar o seu esforço de guerra na Ucrânia.
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