A coligação, que quer acabar com quase uma década de domínio de executivos apoiados pelos militares, conta atualmente com 313 das 500 cadeiras na câmara baixa do parlamento, referiu o líder do Move Forward, Pita Limjaroenrat.
Mas a aliança tem de obter 376 deputados se quiser evitar depender do apoio de alguns dos 250 membros do Senado, escolhidos pela antiga junta militar (2014-2019), muitos dos quais já disseram publicamente rejeitar as reformas propostas pelo Move Forward.
Vários membros do Senado, a câmara alta do parlamento, expressaram o seu desacordo com o programa progressista do Move Forward, que consideram radical, em particular a proposta de reforma da lei que reprime insultos contra a monarquia.
Os senadores ameaçam bloquear a ascensão ao poder de Limjaroenrat se ele persistir na revisão da lei, que prevê até quinze anos de prisão para quem for considerado culpado de difamação do rei ou a sua família.
"Sobre este assunto de insultos à monarquia, discutimos antes das eleições e os oito partidos estão de acordo", disse Limjaorenrat, rodeado de responsáveis dos partidos aliados.
"Temos hoje 313 votos, é o suficiente do ponto de vista democrático. Estou confiante que vamos conseguir formar um governo", assegurou, numa conferência de imprensa na capital Banguecoque.
Um acordo "para definir o programa do governo", disse o empresário de 42 anos, deve ser assinado na segunda-feira, "um dia simbólico que marca o nono aniversário do golpe do atual primeiro-ministro Prayut Chan-ocha".
A coligação liderada pelo Move Forward, que elegeu 152 deputados inclui o outro grande partido da oposição pró-democracia, o Pheu Thai de Paetongtarn Shinawatra, filha do ex-primeiro-ministro exilado Thaksin Shinawatra, que obteve 141 assentos.
O partido Bhumjaithai, membro da antiga coligação pró-exército e que ficou em terceiro lugar no domingo, com 70 deputados, recusou-se na quarta-feira a apoiar o Move Forward, "pelo bem do povo e para proteger a monarquia".
Limjaorenrat reafirmou hoje que a aliança não negociará com partidos alinhados com o exército ou pertencentes ao sistema e destacou que "está muito claro" que há "um consenso para excluir a ordem estabelecida".
A eleição foi marcada por uma afluência recorde, superior a 75%, num contexto de fraco crescimento económico e declínio das liberdades fundamentais desde que o antigo general Prayut Chan-O-Cha chegou ao poder, após um golpe de Estado em 2014, e depois legitimado em 2019 por eleições controversas.
Estas eleições são as primeiras desde os grandes protestos de 2020 em que se exigia uma reforma da monarquia e que expuseram as clivagens existentes no reino, entre as gerações mais jovens que querem mudanças e as elites ligadas ao rei e aos militares.
O país já sofreu mais de uma dezena de golpes de Estado desde que se tornou numa monarquia constitucional, em 1932.
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