O balanço anterior das autoridades de Myanmar apontava para 60 mortos devido ao ciclone.
Com ventos de até 195 quilómetros por hora, o ciclone passou no domingo entre Sittwe, a capital do estado birmanês de Rakhine, e Cox's Bazar, em Bangladesh, onde existem campos para a minoria muçulmana rohingya, que fugiu da violência do exército de Myanmar.
A tempestade mais forte a atingir a região em mais de uma década destruiu aldeias, arrancou árvores e cortou as comunicações em grande parte do estado de Rakhine, onde centenas de milhares de rohingyas vivem em campos para deslocados, após décadas de conflito interétnico.
"De acordo com as informações que obtivemos, quatro soldados, 24 moradores e 117 bengalis morreram na tempestade", referiu a junta militar na nota.
"Bengali" é um termo pejorativo usado em Myanmar para se referir à minoria muçulmana rohingya.
Um chefe de aldeia rohingya disse à agência de notícias AFP que mais de 100 pessoas estavam desaparecidas apenas na sua aldeia após a passagem do ciclone.
O comunicado da junta também refere que os relatos dos meios de comunicação sobre a morte de 400 rohingyas são "falsos" e que serão tomadas medidas contra os meios de comunicação que os publicaram.
Desde o golpe militar há mais de dois anos, a junta deteve dezenas de jornalistas e encerrou meios de comunicação considerados críticos ao regime.
Em Bangladesh, as autoridades disseram à AFP que ninguém morreu durante o ciclone, que passou por enormes campos de refugiados que abrigam quase um milhão de rohingyas, que fugiram de uma repressão militar em Myanmar em 2017.
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