De acordo com Guterres, esses planos de resposta humanitária estão apenas financiados em cerca de perto de 20%, o que considerou "inaceitável".
"Crises atrás de crises ameaçam as vidas e os meios de subsistência de milhões de pessoas em todo o Corno de África: a seca mais longa já registada, deslocamento em massa após anos de conflito e insegurança, preços elevados dos alimentos, e agora o caos e os combates no Sudão, irradiando instabilidade por toda a região. Devemos agir agora para evitar que a crise se transforme em catástrofe", instou.
Guterres, juntamente com os Governos de Itália, Qatar, Reino Unido e Estados Unidos da América, em colaboração com os Governos da Etiópia, Quénia e Somália, realizaram hoje um evento de doação de alto nível para apoiar a resposta humanitária no Corno de África.
O objetivo do evento é assegurar recursos ampliados para atender às necessidades humanitárias sem precedentes que a região enfrenta este ano e obter dos parceiros humanitários um compromisso para implementar assistência que salvará vidas no Corno de África, uma designação da região nordeste do continente africano.
No ano passado, devido ao apoio de países doadores, a assistência salvou a vida de 20 milhões de pessoas, de acordo com dados da ONU.
"Agora, o apoio deve corresponder à escala do desafio. (...) Sem uma injeção imediata e importante de financiamento, as operações de emergência serão interrompidas e as pessoas morrerão", disse Guterres.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a seca do ano passado na Somália ceifou quarenta mil vidas, sendo que metade eram crianças com menos de 5 anos.
Embora as chuvas recentes tenham resultado num alívio momentâneo, as comunidades vulneráveis enfrentam mais um ano de muitas dificuldades.
"As pessoas no Corno de África estão a pagar um preço inconcebível por uma crise climática pela qual não têm responsabilidade. Devemos-lhes solidariedade. Devemos-lhes assistência. E devemos-lhes um pouco de esperança para o futuro", afirmou o líder das Nações Unidas.
"Neste momento de dificuldade e perigo para os povos do Corno de África não podemos ficar de braços cruzados. Vamos agir juntos agora -- com maior urgência e muito mais apoio", reforçou.
No evento de captação de fundos, a embaixadora norte-americana junto à ONU, Linda Thomas-Greenfield, anunciou cerca de 524 milhões de dólares (487 milhões de euros) em assistência humanitária adicional para a crise da seca no Corno de África, induzida pelas mudanças climáticas.
Essa assistência inclui quase 108 milhões de dólares (100 milhões de euros) através do Departamento de População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado e mais de 416 milhões de dólares (386 milhões de euros) pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
"Quando visitei a Somália em janeiro passado, instei a comunidade internacional a fazer mais, a doar mais, a trabalharmos juntos para acabar com a fome para sempre. Agora é a hora de todos cumprirmos essa chamada", disse a diplomata.
"Os esforços de resposta humanitária são grosseiramente subfinanciados, muitas vezes tornando a disponibilidade de assistência muito imprevisível. (...) Esta é uma responsabilidade coletiva. Este é um problema global que exige de todos nós. Então, sejamos ousados. Vamos trabalhar juntos. Vamos agir -- com urgência e em escala -- para salvar vidas", acrescentou Thomas-Greenfield.
O anúncio de hoje eleva a assistência humanitária total dos Estados Unidos para a resposta à região para mais de 1,4 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) em 2023, segundo dados oficiais do executivo norte-americano.
[Notícia atualizada às 17h04]
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