"A transferência de cargas nucleares já começou", disse Lukashenko, respondendo à pergunta de um jornalista num vídeo transmitido pelo canal não oficial da Presidência bielorrussa na plataforma Telegram, Pul Pervogo.
A Rússia, por sua vez, não comentou ainda a transferência do armamento.
A Rússia e a Bielorrússia assinaram hoje um acordo que formaliza os procedimentos para o envio e instalação de armas nucleares táticas em território bielorrusso, mantendo-se, porém, o controlo do armamento em Moscovo.
Em março, Vladimir Putin indicou que tinha já acertado com o homólogo bielorrusso a intenção de Moscovo instalar armas nucleares táticas de curto alcance na Bielorrússia.
A assinatura do acordo ocorre numa altura em que a Rússia se prepara para enfrentar uma aguardada contraofensiva da Ucrânia.
Tanto os responsáveis russos como os bielorrussos consideram que a medida é motivada pela hostilidade do Ocidente, que por sua vez já criticou a decisão.
Putin indicou que a construção de instalações de armazenamento para armas nucleares táticas na Bielorrússia estaria concluída até 01 de julho.
A decisão foi também criticada pela líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.
"Temos de fazer tudo para impedir o plano de Putin de instalar armas nucleares na Bielorrússia, uma vez que isso garantirá o controlo da Rússia sobre a Bielorrússia nos próximos anos", disse Tikhanovskaya à agência noticiosa Associated Press (AP).
"Isso colocará ainda mais em risco a segurança da Ucrânia e de toda a Europa", acrescentou.
A Rússia e a Bielorrússia têm um acordo de aliança ao abrigo do qual o Kremlin subsidia a economia bielorrussa, através de empréstimos e descontos no petróleo e no gás russos.
A Rússia utilizou o território bielorrusso como ponto de partida para a invasão da vizinha Ucrânia e mantém um contingente de tropas e armas no país.
Alexander Lukashenko afirmou também hoje que está preparado para uma possível invasão do território bielorrusso, adiantando "estar a par" dos rumores de uma possível revolta contra o regime de Minsk.
Lukashenko respondia aos comentários feitos na quarta-feira por um alto funcionário polaco, que alertou para a possível preparação, para breve, de uma revolta na Bielorrússia.
"Infelizmente, não prestam atenção às minhas palavras. Provavelmente, sabem o que eu disse há meses (...). Há muito tempo que o sabemos e estamos a preparar-nos para isso", afirmou Lukashenko, citado pela agência noticiosa estatal Belta.
A este respeito, o líder bielorrusso assegurou que as autoridades "estão a seguir o rasto" dos potenciais instigadores.
"Sabemos de facto quem são, sabemos onde estão e sabemos os seus nomes. Estamos prontos. Deixem-nos entrar", desafiou Lukashenko.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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