"A presença de Volker Perthes à frente da missão da ONU não ajuda a aplicar o mandato da Missão Integrada de Apoio das Nações Unidas (Unitams)", disse Al-Burhan, acrescentando que o representante especial se tornou uma "fonte de repercussões negativas", conforme relatado pelo canal de televisão Al Hadath.
Em causa estão os confrontos iniciados em 15 de abril entre o exército regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), liderado pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, os quais já causaram mais de mil mortos e milhares de refugiados em fuga para os países vizinhos.
Em Cartum, o Ministério da Defesa do Sudão convocou hoje "oficiais reservistas, oficiais subalternos e soldados das Forças Armadas para restaurar a segurança e a estabilidade" no país, depois de ter acusado as RSF de "atacar cidadãos inocentes".
Esta decisão é uma consequência da "rebelião (das RSF) e do seu ataque a cidadãos honestos e inocentes que utilizam como escudos humanos, saqueiam os seus bens e ocupam as suas casas", afirmou o ministério num comunicado divulgado na rede social Twitter.
A convocatória é anunciada no quarto dia de um cessar-fogo, mediado pela Arábia Saudita e Estados Unidos da América.
Em Adis Abeba, a imprensa local divulgou um relatório do Escritório de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês) no qual se refere que a região etíope de Amhara abriga mais de 30 mil refugiados que fugiram do Sudão desde 21 de abril.
"A situação de emergência no Sudão agravou as necessidades humanitárias em grande escala (na região de Amhara), incluindo as elevadas taxas de subnutrição", lê-se no relatório do OCHA.
"O governo (etíope) e os seus parceiros estão a ajudar as pessoas que chegam com abrigos temporários, alimentos, artigos não alimentares, água, sistemas de saneamento e higiene, e serviços de saúde e de transporte", acrescenta-se no documento.
Ainda assim, o OCHA observou que "são necessários fundos adicionais para satisfazer as necessidades atuais e o fluxo contínuo de chegadas previstas" numa área onde dezenas de milhares de pessoas continuam deslocadas internamente devido à guerra que opôs o governo federal da Etiópia à região vizinha de Tigray até novembro passado, quando as duas partes assinaram um acordo de paz.
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