O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, negou, esta terça-feira, qualquer envolvimento de Kyiv no ataque desta manhã a Moscovo, ainda que se tenha mostrado satisfeito.
"Claro que estamos satisfeitos e previmos um aumento do número de ataques. Mas claro que não temos envolvimento direto", disse, em declarações ao canal do Youtube 'Breakfast Show', citado pela agência Reuters.
Durante uma transmissão em direto no canal YouTube do jornalista russo Alexander Plushev, Podolyak comentou, a brincar, que o ataque a Moscovo se insere no "domínio da inteligência artificial".
"Possivelmente, nem todos os 'drones' estão prontos para atacar a Ucrânia e querem voltar aos seus criadores e perguntar-lhes porque é que os lançam contra as crianças da Ucrânia, contra Kyiv", disse.
Podolyak salientou também que o que se passa em Moscovo não tem qualquer importância para a Ucrânia, apontando que o que o preocupa são as dezenas de 'drones' e mísseis lançados contra Kyiv apenas nos últimos dois dias.
"Ontem [segunda-feira], quando houve 11 ataques de mísseis balísticos Iskander em plena luz do dia, as nossas crianças correram a gritar para os abrigos. É isto que nos preocupa", afirmou.
O responsável adiantou ainda que foram lançados quase 20 ataques contra Kyiv em maio, apesar de não existirem instalações militares no centro da cidade, segundo afirmou.
"As pessoas acreditam que podem jogar um jogo unilateral, que podem destruir um Estado soberano com absoluta impunidade", criticou, referindo-se à liderança russa.
"Após 15 meses [de guerra], ainda não compreenderam que não será assinado um acordo sobre as linhas de separação", acrescentou.
De notar que o Ministério da Defesa da Rússia acusou, esta terça-feira, a Ucrânia de estar por detrás do ataque em Moscovo desta manhã, que provocou "danos menores" em vários edifícios.
"Esta manhã, o regime de Kyiv lançou um ataque terrorista com drones contra a cidade de Moscovo", escreveu o Ministério, na rede social Telegram.
Segundo o mesmo meio, oito drones estiveram envolvidos no ataque, e todos foram destruídos.
O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, indicou que não há feridos graves e que uma investigação ao sucedido está em curso.
"Imediatamente após o término dos trabalhos dos serviços especiais, os moradores poderão voltar aos seus apartamentos", disse ainda.
Este é o ataque mais grave contra Moscovo desde o dia 2 de maio, quando a Rússia denunciou um outro ataque contra o Kremlin, também com drones, e que a liderança russa atribuiu à Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.895 civis desde o início da guerra e 15.117 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
[Notícia atualizada às 11h32]
Leia Também: Rússia acusa Kyiv de estar por detrás de "ataque terrorista" em Moscovo