A derrota do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) - liderado por Sánchez - e dos outros partidos da esquerda espanhola nas eleições municipais e regionais, realizadas no domingo, levou o primeiro-ministro a dissolver o parlamento na segunda-feira e a convocar eleições legislativas antecipadas.
Num discurso aos deputados e senadores socialistas cessantes, em Madrid, Sánchez demonstrou que a sua estratégia para tentar evitar outro triunfo do Partido Popular (PP, direita-conservador) no escrutínio de 23 de julho será associá-lo ao VOX (extrema-direita) aos olhos da opinião pública, segundo a agência de notícias AFP.
Recordando a frase favorita do líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, que exorta os eleitores a "abolirem o 'sanchismo' [termo derivado do nome do primeiro-ministro espanhol]", Sánchez declarou que esta expressão significa, na verdade, a "destruição" e o "desmantelamento" do progresso social alcançado nos últimos cinco anos, desde que o líder socialista chegou ao poder.
Entre as medidas implementadas pela esquerda, que segundo Sánchez estariam em perigo no caso de uma vitória da direita, o primeiro-ministro enumerou o aumento do salário mínimo, a reforma da legislação trabalhista para combater a precariedade, os impostos sobre os lucros de bancos e produtores de energia ou mesmo a lei sobre mudanças climáticas, que deve acelerar o investimento em energias renováveis.
O PP venceu as eleições municipais e regionais, conquistando seis regiões antes controladas pelos socialistas. Mas, na maioria dos casos, está a depender do VOX para garantir a maioria absoluta nos parlamentos regionais.
Sánchez atacou repetidamente "a coligação da direita e da extrema-direita", assegurando que "não há diferença" entre o VOX e o PP.
Pedro Sánchez também denunciou hoje o domínio da direita nos meios de comunicação social em Espanha e anteviu que será acusado de realizar "fraude eleitoral", como aconteceu nos Estados Unidos quando o ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, perdeu as eleições em 2020.
O primeiro-ministro declarou, citado pela agência de notícias Europa Press, que "da posição de domínio que [a direita] têm nas grandes empresas, nos meios de comunicação social" será desencadeada uma "campanha ainda mais feroz de insultos e de desqualificação".
Sánchez afirmou acreditar que alguns vão falar em "fraude" e outros vão o querer prender como responsável da alegada manipulação das eleições.
"Não é novidade. Os seus professores norte-americanos lançaram uma multidão enlouquecida para assaltar o Capitólio para denunciar uma falsa fraude", lembrou, comparando assim o PP e o VOX com o "trumpismo", numa referência a Donald Trump.
Sánchez pediu ainda aos socialistas para manterem a calma e para responderem à potencial "cascata de insultos" com argumentos e às informações falsas com dados, afirmando ainda que as eleições de domingo passado não foram um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida.
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