"Gostaria de vos assegurar que o Estado está e continuará a estar de pé para proteger a Nação, a República e as instituições", declarou Macky Sall em Dacar, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP), na abertura de um "diálogo nacional" destinado a aliviar estas tensões e que inclui representantes do campo presidencial, de parte da oposição e representantes empresariais, da sociedade civil e dos grupos religiosos.
Esta série de reuniões e debates, boicotado por uma parte da oposição, tem início na véspera do aguardado veredicto sobre Ousmane Sonko, o candidato presidencial que há meses trava uma batalha política com o governo que inclui acusações judiciais, sendo que na quinta-feira deverá ser divulgada a decisão do tribunal num processo em que é acusado de violação.
Caso seja condenado, Ousmane Sonko fica automaticamente impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2024.
Sonko é acusado de violação e ameaças de morte contra uma funcionária de um salão de massagens, mas o candidato alega que as autoridades estão a conspirar para o afastar das presidenciais.
Sonko apelou ao povo senegalês para que se manifestasse "de forma massiva" depois de no domingo ter sido levado à força do centro do país para a sua casa em Dacar, onde está detido pelas forças de segurança e proibido de receber visitas de apoiantes.
Na abertura do "diálogo nacional", Sall exaltou os valores da coesão social: "Aderir a estes valores significa proibir a violência física e verbal, bem como o discurso de ódio e a estigmatização", afirmou.
"Cada ato de violência física, cada ato de violência verbal, cada palavra de ódio, cada bem privado ou público saqueado e, sobretudo, cada senegalês morto é uma ferida profunda para o nosso país", acrescentou, nunca mencionando o nome de Ousmane Sonko, segundo a AFP.
"Ninguém deve imaginar-se maior ou mais forte do que esta Nação que nos abriga a todos", disse, argumentando que "toda a liberdade tem como contrapartida a responsabilidade que limita o seu abuso".
Desde 2021, cerca de 20 civis foram mortos em distúrbios relacionados, em grande parte, com a situação de Sonko, mas também com a incerteza relativamente à candidatura de Sall a um terceiro mandato, depois da reeleição, em 2019, que enfrenta uma forte oposição e acusações de violar a Constituição deste país africano que faz fronteira com a Guiné-Bissau e é o país continental mais próximo de Cabo Verde.
"Não há tabu", disse Sall, acrescentando apenas: "Podemos incluir a questão de um terceiro mandato no diálogo".
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