Zelensky critica Lula. "Acha que assassinos devem ser condenados?"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o facto do seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, "não ter arranjado tempo" para se encontrar consigo, na cimeira do G7, que se realizou no Japão, mantendo, contudo, a sua disponibilidade para se reunir com ele.

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Daniela Carrilho com Lusa
01/06/2023 18:53 ‧ 01/06/2023 por Daniela Carrilho com Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deixou duras críticas ao seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, lamentando que "não tenha arranjado tempo" para se encontrar com ele na cimeira do G7, no Japão, ao contrário do que foi veiculado pela equipa de assessores de Lula.

Falando em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Zelensky deixou várias críticas à atuação e ao posicionamento de Lula na guerra da Ucrânia, nomeadamente pela falta de apoio para a criação de um tribunal especial internacional que julgue crimes de agressão na guerra.

"Lula quer ser original e devemos dar-lhe essa oportunidade. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Encontrará tempo para responder a essa questão? Não teve tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta", declarou Zelensky ao jornal brasileiro, durante uma entrevista no palácio presidencial, em Kyiv, referindo-se às propostas de Lula para terminar o conflito, iniciado em fevereiro de 2022 pela Rússia, ao invadir o território da Ucrânia.

Durante a entrevista, o presidente ucraniano não resistiu em deixar uma 'farpa' ao facto de Lula "não ter arranjado tempo" para se encontrar consigo, na cimeira do G7, que se realizou no Japão, mantendo, contudo, a sua disponibilidade para se reunir com ele.

"Não é a primeira vez que digo publicamente, também já disse diretamente ao presidente e, reitero, que quero encontrar-me com ele. Já ofereci a realização de uma reunião em qualquer formato. Já o convidei várias vezes para vir à Ucrânia. Estivemos em contato com a equipa dele quando esteve em Espanha e Portugal, pensei naquele momento porque a distância era menor e talvez conseguisse encontrar algum tempo", vincou Zelensky, garantindo que não obteve qualquer resposta por parte do líder brasileiro.

Assim, o líder ucraniano nega que o alegado desencontro tenha partido de si. "No G7, tive várias reuniões bilaterais. Disseram que nós não tínhamos tentado nem nos esforçado para o encontrar, isto não é verdade. Não é gente séria, substantiva, que está a dizer isto".

"Precisamos de conversar. É importante conversar com o maior número possível de países para que eles apoiem a Ucrânia ou não apoiem a Rússia. Se não estão dispostos a apoiar a Ucrânia, infelizmente, é importante que entendam os detalhes do que está a acontecer. É importante que a grande potência, o representante da América Latina, o Brasil, esteja envolvido e no mesmo patamar de outros países na discussão da fórmula da paz", afirmou, acrescentando, no entanto, que "para haver uma conversa, é preciso que haja vontade". 

Por fim, Zelensky voltou a confirmar a preparação de uma contra ofensiva ucraniana para breve, contudo, esclareceu que "não posso dar detalhes, nem dizer quando será".

Entretanto, de acordo com a Sky News, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reiterou a sua posição a favor da integridade territorial da Ucrânia, condenando a invasão da Rússia, numa declaração que aconteceu após uma reunião com o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, em Brasília, durante a sua visita oficial ao Brasil.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Zelensky pede à UE eliminação de restrições às exportações ucranianas

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