Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o trabalho da investigação das Nações Unidas para promover a responsabilização pelos crimes cometidos pelos extremistas do EI, o chefe da missão da UNITAD (na sigla em inglês), Christian Ritscher, afirmou que "arquivos centralizados" contendo provas dos crimes dos 'jihadistas' no Iraque serão conhecidos "nos próximos dias".
"Já se passaram cinco anos desde que a UNITAD iniciou o seu trabalho de campo no Iraque e está claro para nós que o sucesso da UNITAD só é possível trabalhando ao lado das autoridades iraquianas", disse Ritscher, que anteriormente assumiu o cargo de procurador no Tribunal Federal de Justiça da Alemanha e é atualmente conselheiro especial da ONU.
"Há muita discussão sobre as evidências dos crimes do EI, mas posso garantir que não faltam evidências sobre os crimes que cometeram no Iraque, já que documentavam e mantinham um sistema administrativo semelhante ao do Estado", explicou.
Nesse sentido, a UNITAD trabalha agora para garantir que essas provas sejam admissíveis perante qualquer tribunal competente, seja no Iraque ou em outros Estados onde correm processos contra membros do EI por crimes internacionais.
"Permitam-me ser muito claro: a UNITAD está a auxiliar o judiciário iraquiano a organizar e aceder a volumes consideráveis de registos do EI e evidências do campo de batalha, principalmente através de um megaprojeto de digitalização. Lideradas pela minha equipa, as operações de digitalização foram lançadas em cinco tribunais no Iraque e mais dois tribunais se seguirão nos próximos meses", disse perante o Conselho de Segurança.
Nesse sentido, a UNITAD criou um arquivo central que será o "repositório unificado de todas as evidências digitalizadas contra o EI ", localizado no Conselho Judicial Supremo do Iraque, e cujo lançamento ocorrerá nos "próximos dias".
De acordo com Ritscher, três elementos são essenciais para o sucesso da UNITAD: "Tribunais competentes, provas admissíveis e confiáveis e uma estrutura legal apropriada".
No seu 'briefing' no Conselho de Segurança, o conselheiro especial reiterou o seu compromisso com a procura por justiça para todas as comunidades iraquianas vítimas das atrocidades dos 'jihadistas'.
Após sua ascensão ao poder em 2014, os 'jihadistas' controlaram por um período de tempo cerca de um terço do território iraquiano, multiplicando os seus abusos. Em 09 de dezembro de 2017, o Iraque proclamou a sua vitória contra o Estado Islâmico, mas foi em março de 2019 que o grupo extremista entrou em colapso, perdendo o seu último reduto na vizinha Síria.
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