O presidente russo, Vladimir Putin, cancelou uma conferência de imprensa anual que é normalmente marcada para esta altura, com órgãos russos a explicarem que a decisão deve-se à "instabilidade" da guerra na Ucrânia.
A notícia foi avançada na quinta-feira pelo jornal russo Kommersant, que citou fontes no Kremlin. O diário afirmou que a decisão já tinha sido tomada há vários meses devido à progressão da guerra, e o encontro anual com os jornalistas deverá ficar adiado até novembro ou dezembro até que a "situação militar russa esteja mais estável".
Ainda assim, como em março de 2024 os russos voltam às urnas para votar nas eleições presidenciais, o presidente pode voltar ao pódio mais cedo.
No seu último relatório sobre o conflito, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), uma organização norte-americana que estuda a guerra, afirmou que o cancelamento da conferência "indica que o Kremlin acredita que a captura de Bakhmut é uma vitória informativa insuficiente para compensar a situação militar geralmente instável na Ucrânia".
NEW: #Ukraine has conducted #counteroffensive operations with differential outcomes in at least three sectors of the front as part of wider counteroffensive efforts that have been unfolding since Sunday, June 4.
— ISW (@TheStudyofWar) June 9, 2023
Latest assessment w/ @criticalthreats: https://t.co/A1Y19HR1xc pic.twitter.com/K2jwvQmVsb
Além disso, o ISW considera que atrasar o fórum 'Linha Direta', no qual o líder russo tem a oportunidade de falar a órgãos internacionais, é um reflexo do "declínio de Putin, de um líder aparentemente envolvido e forte para um mais frequentemente retratado como minuciosamente envolvido em pequenos projetos de infraestrutura".
Há vários dias que o presidente não surge em público nem faz qualquer declaração em direto, com as suas palavras a surgirem na quarta-feira sob a forma de um comunicado, no qual acusou a Ucrânia de ser a responsável pela destruição da barragem de Kakhovka.
Nos últimos dias, os russos têm aumentado os seus esforços para concluir a tomada da cidade de Bakhmut, naquela que tem sido a mais longa e dura batalha de toda a guerra. No entanto, ao mesmo tempo, os ucranianos terão iniciado a sua antecipada contraofensiva, que passará também pelo sul do país, além da região de Donetsk.
Leia Também: Destruição de barragem? "Catástrofe ambiental e humanitária", diz Putin