O Patriotas Africanos para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (PASTEF) apelou às autoridades para que libertem "mais de 700 presos políticos".
O partido já está também a apelar à realização de novas manifestações hoje e sábado contra a sentença de prisão de Sonko.
O porta-voz do PASTEF, El Hadj Malick Ndiaye, afirmou que 21 pessoas morreram durante os protestos e sublinhou que "é necessário libertar os presos políticos", segundo a agência noticiosa estatal senegalesa APS.
O Ministério do Interior senegalês calculou em 16 o número de mortos nos tumultos desencadeados pela condenação a dois anos de prisão de Sonko por "corrupção de jovens", no âmbito de um processo por alegada violação e ameaças de morte, acusações que acabaram por ser rejeitadas.
Ndiaye apelou ao Presidente senegalês, Macky Sall, para que "não dê ouvidos àqueles que pensam que a estratégia do terror deve prevalecer" e afirmou que Sonko "é a pessoa mais maltratada no Senegal". O líder da oposição está cercado na sua casa, no bairro de Keur Gorgui, na capital, Dacar, porque se recusa a entregar-se às autoridades.
O partido da oposição, entretanto, já convocou novas manifestações para hoje e sábado em Dacar "contra a injustiça e a detenção de mais de 700 pessoas" nos últimos protestos.
A porta-voz adjunta do partido, Marie-Rose Faye, garantiu que "o PASTEF tomou as medidas necessárias para ajudar as famílias das vítimas em termos de despesas de hospitalização dos feridos, autópsias e honorários de advogados".
Por fim, Faye sublinhou que o partido "está a compilar documentação" sobre as consequências das manifestações com vista a uma eventual queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI), ao mesmo tempo que apelou a que as eleições presidenciais de 2024 sejam "livres, inclusivas e transparentes".
O processo contra Sonko sofreu uma nova reviravolta na quinta-feira, quando a queixosa, Adji Sarr, apresentou um recurso contra a condenação, segundo os seus advogados.
"Voltámos à estaca zero. Haverá um novo julgamento", disse El Hadj Diouf, advogado da mulher, Adji Sarr, conforme relatado pela Radio France Internationale.
Na quarta-feira, Sall ordenou a abertura de investigações "imediatas e sistemáticas" sobre as manifestações que se seguiram à condenação do líder da oposição, uma decisão tomada "tendo em conta a gravidade desproporcionada dos acontecimentos", de acordo com um comunicado emitido pelo Conselho de Ministros após uma reunião para abordar a situação.
A Amnistia Internacional anunciou na quinta-feira que documentou a morte de 23 pessoas, incluindo três crianças, durante os violentos protestos no início do mês no Senegal, após a condenação do líder da oposição Ousmane Sonko a dois anos de prisão.
"As autoridades senegalesas devem proceder imediatamente a uma investigação independente e transparente sobre a morte de pelo menos 23 pessoas, incluindo três crianças, durante as manifestações violentas de 01 e 02 de junho", declarou aquela organização não-governamental (ONG) num comunicado.
O processo contra Sonko por alegada violação foi aberto em março de 2021, quando a detenção do líder da oposição levou a protestos dos seus apoiantes que eclodiram na sequência da sua condenação.
Na semana passada, o Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, mergulhou na pior situação de violência dos últimos anos, depois de Ousmane Sonko, o aguerrido opositor de Sall e candidato às eleições presidenciais de 2024, ter sido condenado a dois anos de prisão por "aliciamento de menores", num caso em que era acusado de violação de uma massagista.
O veredicto impossibilita Sonko de concorrer às presidenciais.
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