Durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque, o porta-voz do departamento dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Jeremy Laurence, anunciou que a ONU recebeu relatos de várias atrocidades, incluindo "a morte de 71 crianças num orfanato em Cartum" devido à falta de assistência humanitária e disse ter "informações credíveis" sobre "12 incidentes de violência sexual relacionada com o conflito contra 37 mulheres, se bem que o número pode ser muito maior".
Na semana passada, outros três civis, incluindo uma mulher grávida, morreram nos combates e outros dez refugiados morreram num ataque contra um centro no sul de Cartum, a capital do Sudão.
"Também é motivo de preocupação o aumento dos relatos sobre desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias; os jornalistas correm também um grande risco devido ao discurso de ódio e à desinformação que existe nas redes sociais", acrescentou o porta-voz da ONU, citado pela agência de notícias Europa Press.
Laurence disse que está na internet "uma lista" de jornalistas "acusados de apoiar as Forças de Apoio Rápido (RSF), e vimos comentários no Facebook onde se pede a morte dos jornalistas que estão nessa lista".
"Reiteramos o apelo do Alto-Comissário [Volker Turk] a ambas as partes em conflito para assegurar a proteção dos civis e respeitar os direitos humanos, e devem garantir que todas as violações são investigadas de forma efetiva e independentes, e que os responsáveis prestem contas", concluiu.
Os confrontos no Sudão, iniciados em 15 de abril e que opõem o exército às RSF, causaram pelo menos 1.800 mortos, de acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED.
Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.
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