ONU alerta para "impacto devastador" da guerra sobre os civis no Sudão

As Nações Unidas alertaram hoje para o "impacto devastador" da guerra do Sudão nos civis, salientando os relatos de casos de violência sexual, desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias, que aumentaram depois da suspensão das tréguas.

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Lusa
09/06/2023 14:01 ‧ 09/06/2023 por Lusa

Mundo

Sudão

Durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque, o porta-voz do departamento dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Jeremy Laurence, anunciou que a ONU recebeu relatos de várias atrocidades, incluindo "a morte de 71 crianças num orfanato em Cartum" devido à falta de assistência humanitária e disse ter "informações credíveis" sobre "12 incidentes de violência sexual relacionada com o conflito contra 37 mulheres, se bem que o número pode ser muito maior".

Na semana passada, outros três civis, incluindo uma mulher grávida, morreram nos combates e outros dez refugiados morreram num ataque contra um centro no sul de Cartum, a capital do Sudão.

"Também é motivo de preocupação o aumento dos relatos sobre desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias; os jornalistas correm também um grande risco devido ao discurso de ódio e à desinformação que existe nas redes sociais", acrescentou o porta-voz da ONU, citado pela agência de notícias Europa Press.

Laurence disse que está na internet "uma lista" de jornalistas "acusados de apoiar as Forças de Apoio Rápido (RSF), e vimos comentários no Facebook onde se pede a morte dos jornalistas que estão nessa lista".

"Reiteramos o apelo do Alto-Comissário [Volker Turk] a ambas as partes em conflito para assegurar a proteção dos civis e respeitar os direitos humanos, e devem garantir que todas as violações são investigadas de forma efetiva e independentes, e que os responsáveis prestem contas", concluiu.

Os confrontos no Sudão, iniciados em 15 de abril e que opõem o exército às RSF, causaram pelo menos 1.800 mortos, de acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED.

Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.

Leia Também: Sudão declara chefe da missão da ONU no país 'persona non grata'

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