Trump? "Não é errado dizer que é um caso de acusação seletiva"
"Os segredos derramados são a moeda corrente de Washington, e Trump não foi o único a espalhá-los. Foi apenas o menos gracioso", afirmou Edward Snowden.
© Matthew Busch/Bloomberg via Getty Images
Mundo Edward Snowden
Edward Snowden, o ex-analista da Agência Central de Informações (CIA) que revelou pormenores de programas de espionagem norte-americanas, reagiu, esta sexta-feira, ao facto de o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sido indiciado de 37 crimes por manipulação de documentos classificados, considerando que "não é errado dizer que é um caso de acusação seletiva".
"Brincadeiras à parte, não é errado dizer que a acusação de Donald Trump por manipulação de documentos confidenciais é um caso de acusação seletiva", começou por referir Snowden, que se encontra fugido na Rússia desde que divulgou os dados sobre o sistema de escutas dos serviços de informações dos EUA.
"Os segredos derramados são a moeda corrente de Washington, e Trump não foi o único a espalhá-los. Foi apenas o menos gracioso", acrescentou.
No entanto, para Snowden, "é difícil sentir pena de um homem que teve quatro anos na Casa Branca para reformar esse sistema quebrado e, em vez disso, deixou-o no mesmo lugar, em detrimento do público norte-americano".
All kidding aside, it's not wrong to say that the indictment of Donald Trump for mishandling classified documents is a case of selective prosecution. Spilled secrets are very much the currency of Washington, and Trump was not alone in splashing them around. He was just the least…
— Edward Snowden (@Snowden) June 9, 2023
O republicano foi indiciado de 37 crimes por manipulação de documentos classificados, que levou para a sua mansão na Florida após deixar a Casa Branca. Segundo a acusação, Trump colocou em risco a "segurança nacional" dos Estados Unidos ao manter na sua posse segredos nucleares norte-americanos após a sua saída da Casa Branca.
Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os seus 'e-mails', cartas e outros documentos de trabalho aos arquivos nacionais.
Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca para se instalar na sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Florida, Donald Trump levou dezenas de caixas cheias de arquivos. Um ano depois, após vários avisos, devolveu 15 caixas contendo quase 200 documentos classificados.
O FBI, no entanto, calculou que Trump não tinha devolvido tudo, o que resultou numa operação de busca em Palm Beach pelos agentes federais a 8 de agosto e na apreensão de cerca de trinta outras caixas, contendo 11.000 documentos.
Segundo a acusação, foram encontrados documentos classificados "num salão de baile", mas também "numa casa de banho, na banheira", num "escritório" ou "num quarto".
Estes "incluíam informações sobre as capacidades de defesa dos Estados Unidos e de países estrangeiros", "sobre os programas nucleares americanos" e "sobre potenciais vulnerabilidades no caso de um ataque aos Estados Unidos e seus aliados".
A sua potencial "divulgação teria posto em perigo a segurança nacional dos Estados Unidos, as suas relações internacionais", destacou o procurador especial Jack Smith, nomeado em novembro para supervisionar a investigação de forma independente.
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