Dakar, 11 jun 2023 (Lusa) - As autoridades senegalesas expulsaram 79 cidadãos da Guiné-Conacri por terem participado nos violentos protestos que decorreram no país a 01 de junho, depois de o líder da oposição, Ousmane Sonko, ter sido condenado a dois anos de prisão.
"Como sabem, foram proibidas as manifestações no Senegal e, lamentavelmente, algumas pessoas foram mais além e houve violência. Destruíram-se edifícios, etc.", afirmou o ministro dos Assuntos Exteriores guineense, Morissanda Kouyaté, em declarações ao jornal local Actu Guinéé.
O ministro indicou que alguns guineenses foram detidos por participar nos referidos protestos e que "o Governo senegalês tinha duas opções: levá-los a tribunal ou expulsá-los".
"Dadas as nossas relações de vizinhança, optaram por expulsá-los", acrescentou.
Segundo Kouyaté, os guineenses foram expulsos através da fronteira terrestre entre a Guiné-Conacri e o Senegal por grupos, um de 31 pessoas (19 homens e 12 mulheres) e outro de 48 (18 homens, 18 mulheres e 12 menores).
Os protestos começaram a 01 de junho e prolongaram-se até 05 de junho na maioria dos bairros de Dakar e das principais cidades do Senegal, depois de ter sido anunciado que o líder da oposição, Ousmane Sonko, foi condenado a dois anos de prisão.
Pelo menos 16 pessoas morreram nas manifestações, segundo o Ministério do Interior senegalês, enquanto a Amnistia Internacional documentou 23 mortes, incluindo a de três menores.
A polícia do Senegal afirmou que 500 pessoas foram detidas durante os protestos e que entre os detidos se encontravam menores e estrangeiros.
Ousmane Sonko foi julgado a 23 de maio, depois de ter sido acusado, no inicio de 2021, por uma jovem de "violações reiteradas" e "ameaças de morte". O dirigente foi absolvido em tribunal dessas acusações.
O tribunal considerou-o, no entanto, culpado do crime de corrupção de menores, que é aplicado quando se abusa de jovens com idades entre os 18 e 21 anos, de acordo com o Código Penal senegalês.
A condenação poderia impedir o líder da oposição de concorrer às eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024.
Sonko denunciou a "instrumentalização" da justiça por parte de Macky Sall, presidente do Senegal desde 2012, com o intuito de o impedir de participar nas eleições.
Conhecido pelo seu discursos "antissistema", o líder opositor critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, contando com muitos apoiantes entre os jovens senegaleses.
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