Agências humanitárias condenam ataque a campo de refugiados na RDCongo
Agências humanitárias internacionais condenaram hoje o ataque do grupo rebelde Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco) a um campo de deslocados no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), que fez pelo menos 45 mortos.
© MICHEL LUNANGA/AFP via Getty Images
Mundo RDCongo
"Este é o mais recente de uma série de ataques impiedosos a pessoas deslocadas, feitos por grupos armados estatais que causaram a perda de vidas inocentes e deslocações massivas", disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) num comunicado citado pela agência Efe.
A missão das Nações Unidas na RDCongo (Monusco) também condenou o ataque, considerando-o uma "grave violação do direito internacional".
Para o líder da Monusco, Bintou Keita, "os ataques deliberados contra a população civil podem configurar crimes de guerra".
O número de mortos inicialmente estimado em 41, com sete feridos e vários alojamentos incendiados, mas subiu para pelo menos 45, com a agência France-Presse a falar em 46 mortos, citando fontes locais não oficiais.
O ataque, que ocorreu cerca das 01:00 locais de segunda-feira (23:00 TMG de domingo), foi repelido quando o exército congolês chegou ao local, disse Richard Dheda Kondo, responsável local de Djugu.
A Codeco já invadiu campos de deslocados internos antes, incluindo um dos seus ataques mais mortíferos que provocou pelo menos 62 mortos no campo de Plaine Savo, também em Ituri, em fevereiro de 2022.
Algumas zonas de Ituri registaram recentemente uma grave escalada de ataques por parte de grupos armados, nomeadamente pela Codeco, que representa a comunidade Lendu e foi constituído como grupo armado em 2018 para combater os abusos do exército congolês.
Alguns dos piores massacres podem ter sido atos de retaliação contra a milícia da Frente Popular de Autodefesa de Ituri (FPAC-Zaire), que se descreve como um grupo de autodefesa para proteger a comunidade Hema contra os ataques da Codeco.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm um diferendo de longa data que causou milhares de mortos entre 1999 e 2003.
Perante esta vaga de violência, a conselheira especial da ONU para a prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, alertou, em meados de janeiro, para o risco de genocídio.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco, com 16.000 soldados no terreno.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), o extremo leste da RDCongo é um campo de batalha para cerca de 120 grupos rebeldes.
Em meados de maio, o chefe da Monusco, Bintou Keita, alertou para o facto de pelo menos 518 civis terem sido mortos em Ituri por grupos armados - principalmente a Codeco - desde dezembro de 2022.
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