"A utilização de armas de fogo pelas forças de segurança durante as manifestações constitui um precedente sombrio para o Senegal", sublinhou o Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACDH) das Nações Unidas, num comunicado citado pela agência France-Presse.
O Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, mergulhou na pior situação de violência dos últimos anos no início deste mês, após Ousmane Sonko, opositor do Presidente, Macky Sal, ter sido condenado a dois anos de prisão por "aliciamento de menores", num caso em que era acusado de violação de uma massagista. O veredicto impede Sonko de concorrer às presidenciais de 2024.
O balanço oficial das autoridades aponta para 16 mortos, em consequência dos confrontos, mas a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional contabilizou 23 vítimas mortais, enquanto o PASTEF, partido de Sonko, denunciou a morte de mais de 20 pessoas.
O Governo do Senegal anunciou hoje a abertura de uma investigação, após a divulgação de vídeos, nas redes sociais, em que aparecem homens armados à paisana, acusados terem atacado violentamente manifestantes.
"Notamos que as autoridades iniciaram investigações e exortamo-las a garantir que sejam céleres, independentes e aprofundadas, e que levem qualquer pessoa considerada responsável pelo uso da força injustificado ou desproporcional a responder pelos seus atos, independentemente do seu 'status' e afiliação partidária", salienta o ACDH, no comunicado.
A agência da ONU registou "pelo menos" 16 mortos, 350 feridos e mais de 500 detidos nos três dias de manifestações.
"Estamos também preocupados com as reiteradas restrições à liberdade de expressão e de reunião pacífica, após as manifestações", referiu o Alto Comissariado.
O ACDH dá como exemplo o caso da Walfadjiri TV, um canal de televisão privado, que cobria as manifestações em direto e que foi suspenso em 01 de junho, "sem justificação legal clara e até hoje não foi reativado".
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