Após meses de preparação, o Exército ucraniano desencadeou na madrugada de 04 de junho a anunciada contraofensiva contra as forças russas no leste e sul do país, confirmada pelo Presidente Volodymyr Zelensky apenas seis dias depois.
Fique a par de alguns pontos essenciais sobre a atual situação.
Os principais eixos da contraofensiva ucraniana
Num vídeo divulgado em 04 de junho, um domingo, o Exército ucraniano parecia apelar aos soldados para manterem o silêncio e declarava que o início da contraofensiva não seria anunciado, e quando afinal já estaria em marcha.
Na manhã desse mesmo dia, o Ministério da Defesa a Rússia confirmava uma "ofensiva de grande envergadura" do Exército ucraniano, desencadeada durante a madrugada de sábado para domingo e que abrangia cinco setores da frente "na direção do sul a região de Donetsk" (leste).
O ministério referiu que Kyiv mobilizou seis batalhões mecanizados e dois batalhões de carros de combate e assegurava que os objetivos de Kyiv "não foram atingidos", assinalando ainda pesadas baixas em homens e material entre as forças ucranianas.
Nesta operação em larga escala, prestes a completar as duas primeiras semanas, os ganhos parecem de momento simbólicos e permanecem numerosos os objetivos potenciais.
Que meios estão a ser empregues pelas forças ucranianas
De acordo com especialistas em estudos estratégicos, Kyiv está longe de ter utilizado todo o seu potencial militar e mantém de momento na vasta linha da frente 13 brigadas mecanizadas, duas brigadas blindadas e três brigadas de paraquedistas e de assalto móvel aéreo, cerca de 15% do seu Exército e com brigadas com cerca de 3.000 homens.
Estas forças estarão preparadas para entrar em ação, enquanto se multiplicam assaltos de menor amplitude para testar a resistência russa.
Na passada terça-feira, o diário norte-americano Wall Street Journal referia que o Governo de Joe Biden se preparava para fornecer a Kyiv munições com urânio empobrecido destinadas aos tanques Abrams, de origem norte-americana, e que motivou uma pronta ameaça de retaliação por parte o Presidente russo, Vladimir Putin.
Ao citar um responsável oficial a Casa Branca, o jornal referia "não existirem grandes obstáculos" sobre o envio destas controversas munições para as forças ucranianas, conhecidas pelas graves consequências da sua utilização.
Reforço da contraofensiva e Kyiv ou um eventual contraataque russo
Os responsáveis militares russos têm insistido no fracasso da contraofensiva ucraniana, com o Presidente Putin a assegurar que as suas perdas são dez vezes superiores às registadas pelo Exército de Moscovo.
Face às 75 brigadas ucranianas, os russos possuem 65 brigadas na Ucrânia e perto a fronteira, situação de algum equilíbrio, mas as forças militares russas e as milícias russófonas locais preparam-se desde há meses para a ofensiva inimiga. Ergueram uma linha de defesa com mais de 800 quilómetros de extensão, com uma sucessão de obstáculos que têm de ser ultrapassados, e um importante número de soldados.
A liderança ucraniana tem uma necessidade urgente em provar à população, aos parceiros ocidentais e às estruturas da NATO que pode fazer recuar as forças russas. Um eventual falhanço poderá impelir o ocidente a questionar o prosseguimento o apoio aos níveis atuais de assistência militar.
Por sua vez, a estratégia do Kremlin parece consistir em ganhar tempo, desgastar o adversário e eventualmente aguardar pela eleição de Donald Trump em novembro de 2024 nos Estados Unidos, para além da fadiga e das divisões que podem surgir entre os europeus.
Impacto no decurso o conflito
Analistas admitem que o conflito se poderá prolongar durante o verão e próximo outono, assinalado por diversas manipulações táticas, podendo inclusive entrar por 2024 e em benefício dos objetivos do Kremlin.
Especialistas em questões de segurança sublinham que a "janela de sucesso da contraofensiva ucraniana é limitada" e consideram que os próximos meses vão pressagiar o futuro do conflito.
As cidades de Melitopol e Tokmak (sul), centros operacionais e sob ocupação russa, são apontados como objetivos prioritários. A Crimeia e o Donbass são outros eixos que podem ser selecionados, apesar da aparente ausência de planos operacionais, mas tudo parece apontar em direção ao estratégico mar de Azov (sul).
A estratégia poderá passar por atrair o máximo de tropas russas para o setor do Donbass, antes de uma viragem em direção a sul e o início da ofensiva em direção ao mar de Azov.
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