"Parece que um ferro em brasa está a furar a minha cabeça na parte de trás do olho direito, ou como se algo estivesse a puxar a parte de trás do olho para o cérebro. A dor fica cada vez pior, até que literalmente tentas desmaiar porque é muito mau."

Assim descreveu o britânico Luke MacDonald, de 33 anos, as dores de cabeça diárias que tem, sempre à mesma hora: "Começam às 23h44 em ponto, até às 00h44. Depois voltam às 2h30."

MacDonald, que vive no Camboja, diz que teve a primeira dor de cabeça - com esta intensidade - aos seis anos, altura em que começou a bater com a cabeça na porta de um carro, tal era a dor sentida, citado pelo jornal britânico The Guardian.

Na altura, uma vez levado a um hospital local, os médicos afirmaram que se trataria, provavelmente, de uma enxaqueca normal. O diagnóstico parecia correto, uma vez que o jovem não voltou a sofrer ataques com esse nível de intensidade.

Só anos mais tarde, já em idade adulta, é que, depois de um novo ataque de dores de cabeça, um médico o diagnosticou com 'cefaleia em salvas'. Trata-se, segundo a definição dada pelo Hospital da Luz no seu website, de "uma dor de cabeça, rara, unilateral, geralmente localizada de um lado da cabeça".

MacDonald conseguiu passar três anos sem ter um novo ataque, muito graças ao consumo de doses pesadas de cogumelos alucinogénicos, conforme o próprio argumenta, mas há dois meses o 'terror' voltou. 

"O problema com isso é que as pessoas dizem: 'Oh, eu também tenho enxaquecas', mas é um mundo completamente diferente disso. É completamente debilitante, vivo com medo constante do próximo ataque", disse.

O britânico faz parte de um grupo no Facebook formado por pessoas que sofrem da mesma doença. "Serve para evitar que nos matemos", disparou.

"Existem algumas pessoas que sofrem disto cronicamente, algumas têm dores de cabeça talvez dez horas por dia. Para pessoas assim, o suicídio é muito comum e não os culpo por isso. Esta doença está a matar pessoas e há tão pouca pesquisa sobre ela", lamentou ainda Luke MacDonald.

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