Sobriedade nas celebrações do 25 de Abril em Itália também divide país

O 25 de Abril é um feriado que une Portugal e Itália no mesmo tema, o fim da ditadura fascista, mas, este ano, a morte do Papa levou os respetivos governos pedirem celebrações moderadas, algo que divide as duas sociedades.

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© Michael Kappeler/picture alliance via Getty Images

Lusa
25/04/2025 08:31 ‧ há 7 horas por Lusa

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Itália

"Cá há um apelo à sobriedade das celebrações. O governo não gosta do 25 de Abril. Em Portugal, é diferente, o PSD não é contra o 25 de Abril. Mas, a primeira-ministra (Geórgia Meloni) é", explica António, português que trabalha há cinco anos num restaurante perto da Praça de São Pedro.

 

Em 25 de abril de 1945, o regime fascista de Mussolini colapsou e o ditador foi morto dias depois. Desde então, esta data é conhecida como o Dia da Libertação.

Andrea, que distribuía hoje legumes frescos por alguns desses restaurantes, é mais taxativo: "Querem-nos calar. São 80 anos do fim do fascismo, do fim do ditador, e o nosso governo prefere virar a cara", explica.

Com as mãos sujas de transportar caixas de legumes, Andrea encolhe os ombros, perante a decisão.

"Eu já tinha que trabalhar hoje, mesmo sendo feriado, mas ontem fui festejar e hoje ainda vou tomar uns copos à conta do fim da ditadura", acrescentou, prometendo cantar, mais uma vez, a "bella ciao", uma música de resistência muito popular na esquerda italiana.

O dia 25 de abril coincide com os dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, pelo que o governo de Meloni convidou as pessoas a celebrar "com sobriedade".

Vários municípios cancelaram os eventos ou limitaram-nos, muitas vezes cancelando o acompanhamento musical.

O ministro da Proteção Civil, Nello Musumeci, foi o primeiro a pedir "sobriedade" por causa do luto pelo Papa Francisco, apelando a que "não se cante" enquanto o corpo ainda está exposto na basílica de São Pedro, como forma de respeito.

"Esperamos que, como acontece por vezes nas manifestações de rua, não haja degenerescência, confrontos, tons violentos", como "forma de respeito que se deve ter pelos muitos peregrinos que se encontram em Roma", disse o ministro, considerando que as "danças e cânticos desenfreados poderiam ser evitados, aqui, enquanto o corpo ainda não está enterrado".

A primeira-ministra, antiga crítica da celebração da data, que assinala o fim do regime de Mussolini, há exatos 80 anos, tinha previsto sair do país neste período mas vai ficar para participar no funeral de sábado de Francisco e irá hoje participar nas celebrações oficiais.

O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, de AVC, após 12 anos de pontificado.

Vários municípios, a maioria deles controlados por partidos de direita, decidiram cancelar ou limitar as celebrações. Em alguns casos, os eventos foram todos cancelados e noutros foi apenas o acompanhamento musical.

Os partidos da oposição criticaram a decisão do Governo, mas entre os italianos há quem subscreva a posição de Meloni.

"Este é um tema que é criticado ou elogiado conforme a ideologia que se tenha. Há quem ache que é um escândalo, mas nós achamos bem. Faz sentido e é um sinal de respeito. E isso não faz de nós fascistas", afirma Mássimo, falando também pela mulher, Anna, enquanto passeia pelas ruas da Praça Maior, perto do Vaticano.

"Eu compreendo que se critique, mas o Papa Francisco é maior do que essa data", acrescentou.

Andrea discorda: "O Papa é o Papa. O governo é o governo".

Para o português António, a sobriedade das celebrações oficiais pouco lhe afeta o dia de hoje.

"Gosto dos dois 25 de Abril, mas tenho que trabalhar", resumiu.

Leia Também: Forças Armadas italianas reforçam segurança em Roma para funeral do Papa

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