De acordo com esta organização, que acompanha as vítimas no contexto da guerra civil desencadeada em abril de 2023 naquele país africano entre os paramilitares das RSF e o exército sudanês, daquelas pessoas 74 foram executadas no Cordofão Ocidental (sul) e onze foram mortas num ataque a deslocados no Rio Nilo (centro).
A organização declarou na sua conta na rede social X que "as RSF cometeram um massacre na cidade de Al Zaafa, no Cordofão Ocidental, matando 74 pessoas, incluindo 12 crianças e nove mulheres", onde todas as vítimas "executadas" durante o ataque, que deixou também "178 feridos de diferentes graus".
O grupo condenou "veementemente" os "assassinatos perpetrados pela RSF nas localidades do Cordofão Ocidental, ignorando os direitos humanos mais básicos", ao mesmo tempo que criticou os paramilitares por "matarem civis desarmados, saquearem as suas propriedades e queimarem as suas casas" e denunciou o "silêncio internacional perante os crimes de guerra documentados cometidos pela RSF".
A Sudan Doctors Network adiantou que 11 pessoas foram mortas, incluindo quatro crianças, e 22 ficaram feridas num outro ataque da RSF a um acampamento de pessoas deslocadas na cidade de Atbara, no Rio Nilo, sublinhando que este "constitui um alvo deliberado de áreas civis na cidade", sem que os paramilitares tenham feito qualquer declaração sobre o assunto.
"Os ataques à infraestrutura e aos campos de deslocados internos no Rio Nilo, Cordofão do Sul e Darfur são uma continuação das violações da RSF contra civis", afirmou a organização, pedindo à ONU e a outros órgãos internacionais que "pressionem a liderança das milícias para que parem com suas violações contra civis e os ataques à infraestrutura" no Sudão.
A guerra entre o exército e a RSF começou em abril de 2023 devido a fortes divergências sobre o processo de integração do grupo paramilitar - agora declarado como terrorista - nas forças armadas, uma situação que levou ao fim definitivo do processo de transição em curso naquele país do poder para os civis, após a queda do regime de Omar Hassan al-Bashir em 2019, através de um golpe de Estado militar.
Esse processo de transição sofreu um sério revés em outubro de 2021, quando o chefe do exército e presidente do Conselho Soberano de Transição, Abdelfatá al-Burhan, organizou um novo golpe de Estado - apoiado por Mohamed Hamdan Dagalo, líder da RSF e então seu aliado -- na sequência do qual o primeiro-ministro, Abdalá Hamdok, foi derrubado.
As tentativas de redirecionar a situação e integrar as RSF no exército acabaram por desencadear um conflito em grande escala que mergulhou o país numa grave crise humanitária.
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