O julgamento não tem precedentes e ocorre numa altura em que a Suécia tenta convencer a Turquia a dar "luz verde" à adesão na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
"É possível que [o meu cliente] tenha tido contactos com pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão [PKK], mas ele próprio não tem ligações" com o movimento, declarou ao tribunal o advogado de defesa Ilhan Aydin.
A acusação, pelo contrário, argumenta que o arguido desempenhava um papel central nas atividades do PKK na Suécia.
O homem de 40 anos foi detido em janeiro, depois de ter feito ameaças e disparado uma arma à porta de um restaurante em Estocolmo.
Segundo o Ministério Público sueco, o objetivo era gerir um esquema de extorsão e utilizar os fundos para financiar o PKK, classificado como organização terrorista pela Turquia, mas também pela Suécia, União Europeia (UE) e Estados Unidos.
O arguido já foi ligado a um turco que viu as suas contas congeladas por financiar o PKK em França e a outro condenado em 2016 na Alemanha por pertencer ao PKK, segundo a acusação, que utilizou informações dos serviços secretos franceses (DGSI) e alemães (BKA).
"O meu cliente rejeita as acusações de extorsão agravada e de tentativa de financiamento", declarou Aydin à agência noticiosa France-Presse (AFP).
O julgamento é o resultado de um endurecimento da legislação antiterrorista sueca que entrou em vigor em julho de 2022, tornando mais fácil o julgamento de casos de financiamento do terrorismo.
Esta é a primeira vez que a nova lei, já utilizada em casos ligados ao grupo Estado Islâmico (EI), é usada contra um alegado simpatizante do PKK.
A 01 deste mês, a Suécia endureceu entretanto alguns procedimentos judiciais, medidas que Estocolmo apresenta à Turquia como prova de que está a levar a sério as exigências de uma posição mais dura em relação ao PKK.
Ancara exige dezenas de extradições de militantes que qualifica de "terroristas" e que vivem em território sueco.
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