O país do Leste Europeu tem vivido um período de turbulência política, desde as eleições presidenciais de novembro que deram a vitória a um candidato de extrema-direita, praticamente desconhecido, após uma campanha maciça na rede social TikTok, marcada por suspeitas de interferência da Rússia.
A primeira volta das eleições foi cancelada e, de seguida, o ex-responsável público Calin Georgescu foi eliminado da disputa, levando milhares de pessoas manifestarem contra o que descreveram como um "golpe de Estado".
Nesse cenário tenso, mais de 200 recursos foram apresentados nos últimos meses, de acordo com o Tribunal Constitucional da Roménia, embora a anulação seja "legalmente obrigatória" e "não possa ser contestada".
Num comunicado à imprensa, o tribunal enfatizou a necessidade de "restaurar a ordem com urgência", perante aqueles que tentam provocar o caos.
Todos os procedimentos examinados foram rejeitados, com exceção de um único considerado admissível nesta semana pelo Tribunal da Relação de Ploiesti, perto de Bucareste, uma decisão que em si causou alvoroço.
De acordo com os meios de comunicação social romenos, por trás desta ofensiva está uma ex-magistrada e apoiante de Calin Georgescu.
Em vídeos virais publicados na rede social TikTok, deu instruções explicando a "estratégia" para inundar os tribunais e "encontrar o juiz" capaz de corrigir a situação.
"Esta é uma situação absolutamente inaceitável", disse o ministro da Justiça, Radu Marinescu, à agência de notícias francesa AFP, referindo-se a aparentes "ataques judiciais coordenados" com o objetivo de "desacreditar" o sistema judicial para servir "fins políticos".
Vizinha da Ucrânia, a Roménia, membro da União Europeia e da NATO, "é mais uma vez vítima de um ataque híbrido", preocupou-se Crin Antonescu, o candidato da coligação pró-europeia no poder.
Por outro lado, o candidato de extrema-direita George Simion, que assumiu o lugar de Georgescu, após sua exclusão, saudou a decisão simbólica do "corajoso juiz de Ploiesti".
Entretanto, os serviços de segurança russos (FSB) anunciaram hoje que detiveram um cidadão romeno em Sochi (no sul da Rússia) por suspeita de espionagem para a Ucrânia, no meio a tensões diplomáticas entre Moscovo e Bucareste.
Num comunicado à imprensa, o FSB acusou o cidadão romeno, nascido em 2002, de ter "recolhido e transmitido dados no verão de 2024 sobre os locais de implantação de sistemas de defesa antiaérea na cidade de Sochi" para os serviços secretos ucranianos.
Em troca, de acordo com o FSB, este último "prometeu ajudá-lo a deixar a Rússia em segurança e juntar-se" ao exército ucraniano.
As relações entre Bucareste e Moscovo têm sido particularmente tensas desde que o Kremlin lançou a sua ofensiva contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
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