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"Sudão do Sul não está pronto para lançar processo eleitoral", diz ONU

O Sudão do Sul, nas condições em que se encontra atualmente, "não está pronto para lançar um processo eleitoral", disse hoje o chefe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss), Nicholas Haysom.

"Sudão do Sul não está pronto para lançar processo eleitoral", diz ONU
Notícias ao Minuto

22:47 - 20/06/23 por Lusa

Mundo Sudão do Sul

Numa reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Haysom pediu "esforços redobrados" em apoio à elaboração da Constituição e eleições no país, recordando que todo o processo está atrasado.

"Pelas nossas estimativas, o processo de elaboração da Constituição está 10 meses atrasado, o planeamento das eleições está oito meses atrasado e vários aspetos das disposições transitórias de segurança estão suspensos", disse.

"Como está hoje, o Sudão do Sul não está pronto para lançar um processo eleitoral. Ouvimos isso diretamente de membros do Governo, partidos políticos e sociedade civil -- todos reconhecem que agora há urgência para lidar com isso", acrescentou.

O enviado da ONU frisou que nenhum processo administrativo pode ser "credível e bem-sucedido sem espaço cívico e político adequado para que todos os cidadãos possam participar nele, e muito precisa ser feito a esse respeito".

Reconhecendo que a mais recente nação do mundo enfrenta vários desafios, Nicholas Haysom disse ter esperança de que, com cooperação, parceria e liderança sustentada, uma mudança positiva na vida do povo do Sudão do Sul possa ser alcançada.

Havia grandes esperanças quando o Sudão do Sul, país rico em petróleo, conquistou a independência do Sudão em 2011, após um longo conflito. Mas o país entrou numa guerra civil em dezembro de 2013, em grande parte baseada em divisões étnicas, quando as forças leais ao atual Presidente, Salva Kiir, lutaram contra as leais ao atual vice-presidente, Riek Machar.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas na guerra, que terminou com o acordo de paz de 2018, reunindo Kiir e Machar num Governo de unidade nacional.

Pelo acordo, as eleições deveriam ocorrer em fevereiro de 2023, mas em agosto passado foram adiadas para dezembro de 2024.

O Sudão do Sul também enfrenta o seu maior nível de deslocamento desde o acordo de paz, e mais de dois terços da população precisa de assistência humanitária, segundo a ONU.

O país tem ainda sido duramente afetado pelas consequências do conflito no Sudão, o que, segundo Haysom, tem implicações diretas na implementação do Acordo de Paz Revitalizado no Sudão do Sul.

Desde meados de abril - quando eclodiu o conflito entre o exército sudanês ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido -, mais de 117.000 mulheres, crianças e homens cruzaram as fronteiras do Sudão do Sul a partir do Sudão.

Desse total, 93% são retornados do Sudão do Sul.

"Quero elogiar o governo do Sudão do Sul por sua política de abertura de fronteiras a todos aqueles que estão fugindo do conflito, com ou sem documentos de viagem", disse o líder da Unmiss.

Toda essa deslocação em massa colocou a capacidade de absorção do Governo e dos grupos humanitários sob pressão, "com recursos locais limitados e apertos de chegadas nas cidades fronteiriças do Sudão do Sul, principalmente em Renk", explicou.

"Os impactos económicos do conflito ensombram o contexto de um país já frágil. A súbita interrupção das importações do Sudão resultou em produtos essenciais 'fora do alcance' das pessoas comuns no Sudão do Sul. As exportações de petróleo bruto do Sudão do Sul através de Port Sudan são uma tábua de salvação económica que, se interrompida, como recentemente ameaçada, pode ter efeitos devastadores na economia do Sudão do Sul", alertou ainda.

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