Kirilo Budanov destacou que existe atualmente uma "certa ameaça" em relação à central nuclear de Zaporijia.
Este responsável dos serviços secretos ucraniano lembrou que a central permanece sob controlo russo e que a destruição da barragem de Kakhovka interrompeu o acesso à água utilizada para o arrefecimento da instalação nuclear.
"Mas o pior é que, durante esse período, a central e o próprio sistema de refrigeração também foram minados", frisou Budanov.
Caso os russos "desativarem o refrigerador por detonação", há uma grande probabilidade de que ocorrerem "problemas significativos", vincou ainda.
O ocidente tem manifestado preocupações com a central nuclear de Zaporijia, ocupada desde o ano passado pelos russos, após a destruição da barragem de Kakhovka no Dnieper, o grande rio ucraniano, cuja água era utilizada para arrefecer os seus seis reatores.
A situação no local é grave, mas está em processo de estabilização, garantiu o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, durante visita ao local na quinta-feira.
A AIEA tem uma equipa permanente de especialistas nesta central, que também é alvo de bombardeios e cortada da rede elétrica em diversas ocasiões.
Moscovo e Kiev acusam-se mutuamente pela destruição em 06 de junho da represa hidrelétrica de Kakhovka, localizada numa área sob controlo russo, que inundou cidades e aldeias em ambas as margens do Dnieper, matou dezenas e forçou milhares de pessoas a sair das suas casas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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