A Nova Democracia (ND), no poder de 2019 até final de maio deste ano, recolheu 40,55% dos votos, ou seja, mais do dobro que o seu principal adversário, o Syriza (esquerda) de Alexis Tsipras, segundo resultados parciais correspondentes a mais de 97% dos votos.
O Syriza, que já tinha sofrido um duro revés no primeiro escrutínio, há cinco semanas, obteve apenas 17,84% dos votos -- menos 2,2 pontos percentuais que em 21 de maio.
Este resultado garantirá à direita 158 dos 300 assentos do parlamento monocameral, indicam os analistas.
Com um tal resultado, Kyriakos Mitsotakis, pertencente a uma longa linhagem de dirigentes políticos, recuperará o cargo de primeiro-ministro do qual teve de abdicar no final de maio, antes da realização das eleições legislativas.
"O povo, pela segunda vez em algumas semanas, deu-nos um mandato forte para avançar para as grandes mudanças de que o país necessita", congratulou-se o dirigente de 55 anos, perante os apoiantes.
Na campanha, Mitsotakis prometeu aumentos salariais, em particular nos rendimentos mais baixos -- a principal preocupação dos cidadãos gregos confrontados com o elevado custo de vida -, e não parou de destacar o balanço económico do seu mandato de quatro anos, marcado pelo crescimento -- de 5,9% em 2022 -- e pela queda do desemprego, após uma década de crise.
"A Nova Democracia é o partido do centro-direita mais forte da Europa", sublinhou.
Quatro anos após chegar ao poder, a Nova Democracia melhora o resultado em relação às legislativas de 2019, nas quais recolheu 39,85% dos votos.
Kyriakos Mitsotakis obteve em 21 de maio 40,79% dos votos, mas esse aumento não lhe deu a maioria absoluta necessária para formar um Governo sem ter de se aliar a outros partidos.
Pediu então a convocação de novas eleições, contando para tal com um modo de escrutínio que atribui ao partido mais votado um "bónus" que pode ir até 50 mandatos parlamentares.
Contra Mitsotakis, Alexis Tsipras sofreu mais uma pesada derrota, após a ocorrida há cinco semanas, quando o Syriza caiu para 20,07% dos votos -- uma queda de mais de 11,5 pontos percentuais em relação a 2019.
Coloca-se agora a questão da sua continuação na liderança do partido, depois de, na sequência da derrota de 21 de maio, o ex-primeiro-ministro grego (2015-2019) ter admitido que equacionara demitir-se.
"Foi uma batalha difícil [...], o resultado é evidentemente negativo para nós", reconheceu hoje Tsipras, acrescentando que "terminou um grande ciclo histórico" para o partido, que precisa de grandes mudanças, pelo que apelou aos respetivos membros para "julgarem" a sua liderança, fazendo antever eleições internas no Syriza para breve.
Ao afastar-se em grande número do Syriza, os eleitores gregos parecem mostrar que querem definitivamente "virar a página" após anos de profunda crise financeira e de planos de resgate com condições severas que os empobreceram consideravelmente.
O Syriza continua, contudo, a ser o principal partido da oposição grega, seguido dos socialistas do Pasok-Kinal, dos comunistas do KKE e de quatro pequenas formações, entre as quais os Espartanos, que surpreenderam conquistando 4,6% dos votos.
Este partido é apoiado por um antigo dirigente da formação neonazi Aurora Dourada, Ilias Kassidiaris, atualmente a cumprir uma pena de 13 anos e meio de prisão.
Os líderes e quadros da Aurora Dourada, que elegeu pela primeira vez deputados em 2012, no pico da crise grega, foram condenados a pesadas penas de prisão por assassínios e violência contra migrantes e simpatizantes da esquerda.
"A eleição dos partidos de extrema-direita, incluindo os Espartanos, com uma conotação e ligações fascistas [...], é um desenvolvimento negativo", comentou Alexis Tsipras.
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