Putin decidiu não "eliminar" Prigozhin porque "ia torná-lo num mártir"
Segundo o ISW, o presidente da Rússia percebeu que não podia "eliminar" Prigozhin e, por isso, vai "destruir a sua reputação" para que este deixe de ter "apoio popular" e para que deixe de ser "seguido" pelos combatentes do grupo Wagner.
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Mundo Guerra na Ucrânia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu que, nesta altura, não consegue "eliminar" o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, "sem fazer dele um mártir" e, por isso, começa a tentar apresentá-lo como "corrupto e mentiroso para destruir a sua reputação entre o pessoal da Wagner e na sociedade russa", revela uma análise do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês).
Segundo o ISW, o Kremlin "lançou uma campanha de informação doméstica contínua na Rússia para perdoar os combatentes e comandantes da Wagner num esforço" para os atrair a "assinar contatos com o Ministério da Defesa russo". "O esforço deliberado para separar Prigozhin do Grupo Wagner provavelmente visa estabelecer condições informativas para que o Kremlin possa acusar Prigozhin de corrupção ou conspiração com a Ucrânia ou o Ocidente", lê-se.
"Putin provavelmente decidiu que não consegue eliminar Prigozhin diretamente sem torná-lo num mártir neste momento", nota o ISW, que destaca que o líder do Wagner "ainda mantém algum apoio dentro da sociedade russa e das forças regulares russas", e o Kremlin terá de "garantir que esses grupos se desiludem com Prigozhin para privá-lo efetivamente de seu apoio popular na Rússia".
O ISW nota que muito deste apoio terá surgido devido ao facto de Prigozhin ter criticado o comando militar, "uma mensagem que provavelmente atraiu muitos militares e as suas famílias desiludidos com a mobilização, baixas, escassez de suprimentos e grande perda de vidas com pouco para mostrar".
"O Kremlin provavelmente continuará a atacar a personagem de Prigozhin para quebrar o apoio popular, desencorajar o pessoal de Wagner de segui-lo para a Bielorrússia e destruir seu poder financeiro", defende a análise do ISW.
Recorde-se que o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, avançou, na sexta-feira, com uma rebelião na Rússia, que acabou por suspender menos de 24 horas depois, já após ter ocupado Rostov, uma importante cidade no sul do país para a logística da guerra na Ucrânia.
Ontem, Vladimir Putin disse que o grupo Wagner recebeu quase mil milhões de euros de Moscovo num ano. O chefe de Estado russo reconheceu que o Estado tinha "financiado integralmente" o grupo Wagner, realçando que a empresa Concord, do grupo de Yevgeny Prigozhin, tinha "ganhado ao mesmo tempo 80 mil milhões de rublos (cerca de 850 milhões de euros)".
"Espero que durante estas operações ninguém tenha roubado nada ou, por assim dizer, roubado pouco", continuou. "Claro que cuidaremos [da verificação] de tudo isso", alertou.
Antes do conflito na Ucrânia, o Kremlin negou durante anos qualquer ligação com o grupo Wagner, que, além do Dombass, no leste da Ucrânia, tem atuado na guerra da Síria e em vários conflitos em África.
No mesmo dia, o presidente bielorrusso revelou que pediu a Putin para não matar o líder do Grupo Wagner.
"Disse a Putin: Poderíamos livrar-nos dele [Prigozhin] sem problemas. Se não fosse na primeira tentativa, seria na segunda. Mas eu disse-lhe: Não faça isso", afirmou Lukashenko, durante uma reunião com as autoridades de segurança, de acordo com a imprensa estatal, citada pela AFP.
Lukashenko confirmou que Prigozhin chegou à Bielorrússia na terça-feira, sob um acordo que acabou com a sua rebelião.
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