"O polícia referido hoje como parte de uma investigação judicial por homicídio doloso foi indiciado por este crime e colocado em prisão preventiva", segundo um comunicado de imprensa do MP.
O procurador de Nanterre Pascal Prache disse que a sua investigação inicial levou-o a concluir que "as condições para o uso legal da arma não foram respeitadas".
De acordo com a lei francesa, as acusações preliminares significam que os juízes de investigação têm fortes motivos para suspeitar de irregularidades, mas dão tempo para uma investigação mais aprofundada antes que seja tomada uma decisão sobre o envio do caso para julgamento.
O assassínio do adolescente, identificado apenas pelo primeiro nome, Nahel, ocorreu durante uma operação de trânsito na terça-feira. O incidente captado em vídeo chocou o país e despertou tensões entre a polícia e os jovens em zonas habitacionais e bairros desfavorecidos.
O governo da França prometeu restaurar a ordem hoje, após duas noites de violência urbana desencadeadas pelos tiros mortais, anunciando que enviaria dezenas de milhares de polícias e reprimiria os bairros onde edifícios e veículos foram incendiados.
Em resposta, a cidade de Clamart, na região de Paris, com 54.000 habitantes, anunciou hoje, em comunicado, um recolher obrigatório durante a noite entre as 21:00 e as 06:00 locais (20:00 e 05:00 em Lisboa), que se alargará até ao fim de semana.
A autarquia apontou "o risco de novas perturbações da ordem pública" para justificar esta decisão, após duas noites de agitação urbana. "Clamart é uma cidade segura e calma, estamos determinados a que continue assim", refere o comunicado.
Vários membros do executivo deslocaram-se para áreas atingidas pelo súbito início de tumultos, pedindo calma, mas também alertando que a violência que feriu dezenas de polícias e danificou quase 100 prédios públicos não poderia continuar.
Depois de uma reunião de crise, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse hoje que o número de polícias mobilizados mais do que quadruplicaria, de 9.000 para 40.000. Somente na região de Paris, o número de agentes destacados mais do que duplicaria para 5.000.
"Os profissionais da desordem devem ir para casa", disse Darmanin, embora ainda não haja necessidade de declarar estado de emergência -- uma medida tomada para reprimir semanas de tumultos em 2005 --, acrescentando apenas: "A resposta do Estado será extremamente firme".
O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou hoje, por sua vez, injustificáveis as "cenas de violência" contra as "instituições da República".
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