Após terem almoçado com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, e de terem trocado impressões com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) começaram a discutir ao início da tarde a evolução da situação na Rússia, num debate "sem telemóveis para que todos falassem mais livremente" sobre Moscovo e também sobre Minsk dado o apoio bielorrusso ao Kremlin, indicaram fontes europeias.
Esta discussão durou cerca de duas horas e meia, mas "mais do que a situação interna da Rússia", devido à rebelião militar, os líderes europeus vincaram "o apoio à Ucrânia", segundo as mesmas fontes.
"A Ucrânia não pode ganhar a guerra sem a UE e sem a NATO", salientaram.
As fontes europeias apontaram ser "muito cedo para refletir sobre o que serão os compromissos de segurança", mas sublinharam que "a mensagem política" está nas conclusões desta cimeira europeia, abrindo a porta a uma eventual proposta em Bruxelas sobre esta matéria.
"Penso que vamos ver mais sobre isso nas próximas semanas", adiantaram, numa alusão ao pedido da Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para compromissos de segurança até a uma adesão de Kiev à UE e à NATO.
A rebelião na Rússia marca então este Conselho Europeu, dias depois de o grupo paramilitar Wagner ter avançado com movimentações contra o comando militar russo.
De momento, os líderes europeus estão a discutir a questão migratória depois de, em meados de junho, os ministros europeus terem chegado a acordo para reformar as regras sobre as migrações e asilo.
Fontes europeias explicaram que a posição europeia sobre esta matéria "tem de refletir algum equilíbrio e tem de ser concretizável e ter em conta as preocupações dos países", nomeadamente dos países que recebem mais migrantes.
A discussão incide particularmente sobre como evitar travessias ilegais, que estão a aumentar, e mitigar a ação das redes de tráfico humano.
O naufrágio registado este mês ao largo da costa da Grécia, com dezenas de mortos confirmados e centenas de desaparecidos, foi classificado como o pior naufrágio de sempre no Mediterrâneo e motivou uma nova discussão acesa no seio do bloco comunitário sobre as questões migratórias.
Prevê-se que o resto deste primeiro dia de Conselho Europeu seja focado num debate demorado sobre o Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo, documento proposto em setembro de 2020 pela Comissão Europeia e agora acordado pelos 27, que foi concebido para gerir e normalizar as migrações a longo prazo, procurando dar segurança, clareza e condições dignas às pessoas que chegam à UE.
Defendendo uma abordagem comum em matéria de migrações e asilo, baseada na solidariedade e na responsabilidade, o acordo aprovado prevê o pagamento de uma compensação financeira de 20 mil euros por cada requerente de asilo não recolocado.
Ao todo, a UE estima a recolocação de 30 mil migrantes e uma contribuição de 660 milhões de euros para o fundo destinado a financiar a política migratória.
A cimeira europeia termina na sexta-feira com as atenções concentradas na China e em questões económicas.
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