Mali. Guterres pede respeito por cessar-fogo durante retirada da Minusma
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu hoje que o cessar-fogo no Mali seja respeitado durante a retirada da missão de paz no país (Minusma) e pediu total cooperação do Governo de transição.
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"O secretário-geral recorda a importância do Acordo de Paz e Reconciliação de 2015 no Mali e exorta todas as partes signatárias a continuar a honrar o cessar-fogo enquanto a Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (Minusma) se retira", disse o vice-porta-voz, Farhan Haq, em comunicado.
Guterres pediu ainda a total cooperação do Governo de transição "para uma retirada ordenada e segura do pessoal e bens da missão nos próximos meses", lembrando o "compromisso do Mali de cumprir o Acordo sobre o Estatuto das Forças até à partida do último elemento da missão".
A declaração de Guterres surge na sequência da decisão do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou hoje o fim do mandato da Minusma e a sua retirada do país após 10 anos de serviço.
A resolução - redigida pela França - foi adotada de forma unânime, após o Governo do Mali ter pedido explicitamente a retirada "imediata" da missão do país, que conta atualmente com mais de 17 mil membros e é uma das maiores do mundo.
Além de encerrar o mandato, a resolução agora aprovada determina que a missão inicie imediatamente - em 01 de julho - a transferência das suas tarefas e a retirada ordenada e segura do seu pessoal, com o objetivo de concluir este processo até 31 de dezembro deste ano.
No comunicado, Guterres aproveitou para reiterar o "seu profundo apreço a todo o pessoal e liderança das Nações Unidas" pela sua "resiliência, contribuições e serviço em circunstâncias muito desafiadoras e difíceis" no Mali.
O ex-primeiro-ministro português manifestou também o "seu profundo respeito à memória dos 309 funcionários da Minusma que perderam as suas vidas ao serviço da paz durante os 10 anos em que a missão foi destacada no Mali".
Contudo, o líder da ONU manifestou preocupação com "o facto de que o nível e a duração da autoridade de compromisso financeiro (...) terem sido significativamente reduzidos durante as negociações orçamentárias do Quinto Comité" da ONU, o que "aumenta as complexidades e os riscos da operação de retirada".
"O secretário-geral reafirma a solidariedade das Nações Unidas com o povo e as autoridades do Mali por todas as dificuldades pelas quais o seu país passou" e "continuará a envolver-se com o Governo de transição do Mali sobre a melhor forma de servir os interesses do povo", em cooperação com equipas da ONU e outros parceiros, concluiu Haq.
O Governo que pediu a retirada da Minusma é uma junta militar que derrubou o executivo anterior de Ibrahim Boubacar Keita, que havia solicitado a implantação do Minusma.
A junta militar de Bamaco chegou ao poder com um discurso marcadamente antiocidental, que se materializou primeiro na retirada abrupta das forças francesas, e depois na exigência da saída da Minusma.
Ao mesmo tempo, levou ao destacamento no país da força de mercenários russos Wagner, cujas atividades no Mali são realizadas com pouca transparência.
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