Foi oficialmente aberta uma investigação à morte de um homem, que foi atingido, no sábado, em Marselha, por um projétil durante protestos.
As autoridades afirmaram que a provável causa de morte foi um choque violento no peito de um projétil (que seria uma bala de borracha) disparado pela polícia, levando o homem a ter uma paragem cardíaca, morrendo na madrugada de segunda-feira. Não foi possível concluir, no entanto, se o homem de 27 anos participava nas pilhagens e protestos na cidade, ou não, conforme avançou a Justiça francesa, citada pelo jornal The Guardian.
Esta será a primeira morte a resultar, oficialmente, dos protestos que assolaram França na última semana. Embora um bombeiro de 24 anos tenha morrido no domingo, em Saint-Denis, Paris, quando combatia um incêndio num parque de estacionamento subterrâneo na capital francesa, os bombeiros parisienses não relacionaram, no entanto, a morte com as manifestações que assolaram a cidade. "Intervimos todas as semanas, durante todo o ano, numa dúzia de incêndios deste tipo, não devemos confundir concomitância e causalidade", disseram ao Le Parisien.
"As minhas sinceras e tristes condolências à sua família, entes queridos, camaradas e ao BSPP [Bombeiro de Paris]", disse, por sua vez, o ministro da Administração Interna na altura.
Vem aí lei de emergência
As tensões acalmaram em França, na terça-feira, uma semana depois da morte, que aconteceu quando Naël foi mandado para uma operação 'stop' e foi alvejado pela polícia, quando o seu veículo entrou em movimento. As autoridades alegam que o homem procurava fugir à fiscalização, mas outros ocupantes do veículo já argumentaram que, devido às ações da polícia, o pé do jovem terá caído do travão, fazendo o veículo circular.
Na noite de terça-feira, segundo o jornal Le Figaro, foram detidas 16 pessoas no âmbito das manifestações, registando-se ainda 116 incêndios na via pública. É um decréscimo significativo no número de detenções, que ultrapassou as 700 no sábado, dia em que decorreu o funeral do jovem.
“É um regresso permanente à calma? Serei cauteloso, mas o pico que vimos nos dias anteriores já passou”, disse o presidente francês Emmanuel Macron durante uma reunião no palácio do Eliseu, em Paris, na terça-feira, com 300 autarcas afetados pelas manifestações.
O mesmo dia em que Macron anunciou um projeto de lei de emergência para restaurar os danos provocados, prometendo ajuda financeira às cidades para reparações relativas a "estradas, estabelecimentos municipais e escolas".
"Vamos ser extremamente firmes e claros com as seguradoras, município a município", assegurou Macron, durante a reunião com autarcas no Eliseu, o palácio presidencial em Paris.
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