Birame Souleye Diop, presidente do grupo parlamentar da coligação opositora Yewwi Askan Wi, membro do Pastef, o partido de Ousmane Sonko, o mais destacado opositor do Presidente, foi detido na quarta-feira após ter alertado para uma eventual reconsideração do chefe de Estado.
"Aviso os próximos candidatos da APR (Alliance pour la République, o partido presidencial): Evitem comer em casa dele, evitem beber a sua água, ele é capaz de vos envenenar e dizer 'como já não temos candidato, vou voltar'. E vai fazê-lo ao estilo de Ouattara. Cuidado", declarou Diop numa conferência de imprensa.
O deputado pediu posteriormente desculpa pelas declarações.
O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, escolheu o seu então primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly, para o suceder, mas a morte deste último, aos 61 anos, devido a problemas cardíacos, levou Ouattara a recandidatar-se às eleições presidenciais de 2020, apesar de ter anunciado que não iria concorrer a um terceiro mandato.
Segundo Moussa Sarr, advogado de Diop, o deputado senegalês está a ser processado por "difamação cometida por um membro da Assembleia Nacional contra um chefe de Estado estrangeiro, suscetível de prejudicar as relações diplomáticas do Estado" e "desacreditar uma instituição da República".
"Ele ainda está sob custódia policial na Sûreté Urbaine da esquadra central de Dacar", acrescentou.
Sall anunciou na segunda-feira que não vai concorrer às próximas eleições presidenciais do Senegal, previstas para fevereiro de 2024, após meses de controvérsia, incerteza e tensão política no país, com protestos em larga escala, fortemente reprimidos pelas forças de segurança, resultando em dezenas de mortos (16, de acordo com números oficiais, 30 segundo a oposição).
O Presidente, que governa o Senegal desde 2012 e se aproxima do fim de dois mandatos de sete e cinco anos, considera que a sua terceira candidatura não seria ilegal, apesar de a Constituição do país africano proibir mais de dois mandatos consecutivos.
Segundo Sall e os seus apoiantes, como a Constituição foi alterada em 2016 e o Presidente só cumpriu um mandato de cinco anos, o primeiro mandato de sete anos não deveria contar e teria o direito a candidatar-se novamente.
Tanto a oposição como a sociedade civil do Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, rejeitam esta tese.
A incerteza provocou um aumento da tensão política no país, agravada pela acusação paralela do líder da oposição, Ousmane Sonko, que foi condenado a dois anos de prisão em 01 de junho.
Sonko denunciou a "instrumentalização" da justiça pelo "poder de Macky Sall" para o excluir da candidatura presidencial. O seu partido calcula que haja atualmente mais de 300 "presos políticos". O executivo de Macky Sall refuta ambas as acusações.
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