"Não haverá eleições neste país, ou então haverá um caos indescritível se o Presidente Macky Sall usar truques judiciais para impedir a minha candidatura", ameaçou Sonko numa entrevista à estação de televisão francesa France24.
Nesta sua primeira intervenção pública após Macky Sall ter anunciado, na segunda-feira, que não se candidataria a um terceiro mandato, Ousmane Sonko considera que Sall renunciou a uma terceira candidatura "não por ser um democrata", mas devido à "pressão popular e internacional".
Na sua opinião, não há razão para "felicitar" Sall.
A Constituição senegalesa não prevê um terceiro mandato presidencial.
Ousmane Sonko, o mais feroz opositor do Presidente Sall, foi condenado há um mês a dois anos de prisão num processo de vício e essa condenação torna-o atualmente inelegível à face da lei.
No início de junho, esta situação provocou os distúrbios mais graves dos últimos anos no Senegal, que causaram 16 mortos, segundo as autoridades, e cerca de 30, segundo a oposição.
Apesar da "implacabilidade" dos detentores do poder para o eliminar da corrida presidencial, segundo Sonko, que lidera o partido Pastef, diz-se "pronto a perdoar", e mesmo a "esquecer", se puder participar nas eleições.
"Desejamos-lhe (Macky Sall) um final de mandato feliz e uma partida tranquila para si e para a sua família", acrescentou, apelando a eleições "livres", "transparentes" e "inclusivas".
Na entrevista à France24, Sonko afirmou que não existe qualquer contacto "oficial" ou "não oficial" entre si e o Presidente.
Reiterando que está pronto "a fazer sacrifícios" para "apaziguar" o país, garantiu que não falaria "com uma faca na garganta".
Ousmane Sonko está bloqueado pelas forças de segurança na sua casa em Dacar, "sequestrado", nas suas palavras, desde 28 de maio.
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