O governo de Myanmar, controlado pelos militares, acusa os combatentes pró-democracia de terem matado 15 civis num ataque noturno com morteiros, numa zona central do país. Acusações que, no entanto, foram negadas pelo grupo guerrilheiro.
As chamadas Forças de Defesa do Povo terão atacado a aldeia de Ngwe Twin, na parte sul da região de Sagaing, pelas 4 horas da manhã de quarta-feira, com morteiros artesanais, segundo conta a Associated Press, que cita a informação inicialmente avançada pelo jornal estatal Myanma Alinn. Pelo menos quinze pessoas morreram e outras sete (incluindo três monges) ficaram feridas.
Após os militares terem tomado o poder de Aung San Suu Kyi, democraticamente eleita, a 1 de fevereiro de 2021, têm surgido por todo o país grupos armados associados às Forças de Defesa do Povo. Os grupos apoiam o Governo de Unidade Nacional pró-democracia, uma administração civil sombra que se opõe ao regime militar, embora operem de forma autónoma em relação a este.
A oposição pacífica generalizada à tomada do poder dos militares tem vindo a transformar-se em resistência armada em muitas partes do país e os grupos das Forças de Defesa do Povo aliaram-se a vários grupos armados de minorias étnicas que lutam há décadas por uma maior autonomia em Myanmar.
Em resposta, o exército lançou operações brutais de contra-insurreição nas zonas rurais, incluindo o incêndio de aldeias e a expulsão de centenas de milhares de pessoas das suas casas.
Sagaing, o coração histórico de Myanmar, é um reduto de resistência armada aos militares no poder, mas a aldeia de Ngwe Twin é uma das poucas vistas como simpatizantes do governo, onde os residentes terão ajudado nas operações de contra-insurreição do exército.
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