O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, presidiu uma reunião virtual com representantes de 97 países e organizações para lançar as bases desta nova aliança, que espera voltar a reunir-se em setembro à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU).
O fentanil, um opioide sintético 100 vezes mais potente do que a morfina, é fabricado por cartéis mexicanos a partir de componentes químicos provenientes da China e depois traficado para os Estados Unidos, onde causa milhares de mortes por overdose a cada ano.
Mas a crise vai além, já que África e o Médio Oriente também vivem uma crise de uso de drogas sintéticas como tramadol ou captagon, esta última fabricada em larga escala na Síria, alertou a ONU no seu Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado na semana passada.
"Se não agirmos juntos com urgência, outras partes do mundo sofrerão as consequências catastróficas que já estão a afetar tantas cidades e vilas norte-americanas", alertou Blinken durante o seu discurso na reunião.
O chefe da diplomacia norte-americana lembrou que 110 mil pessoas morreram no ano passado no seu país por overdose de drogas, principalmente fentanil, que é já a principal causa de morte entre pessoas com idades entre os 18 e os 49 anos.
Blinken defendeu ainda que a iniciativa privada também se envolvo nesse esforço, uma vez que uma parte significativa desses estupefacientes é fabricada com substâncias químicas comercializadas legalmente como medicamentos, cosméticos ou produtos de uso doméstico.
Apesar de vários precursores químicos usados pelos cartéis mexicanos para fabricar o fentanil serem provenientes da China, Pequim descartou participar na reunião de hoje, para a qual havia sido convidada.
Numa ligação com repórteres, Todd Robinson, chefe do escritório antidrogas do Departamento de Estado, disse na quarta-feira que a China não tem cooperado com os Estados Unidos no tráfico de drogas nos últimos meses.
Por isso, exortou os restantes países que têm contactos com o país asiático a influenciarem Pequim a juntar-se a esses esforços.
O próprio Blinken já fez uma tentativa na sua recente viagem a Pequim, onde levantou a questão do fentanil com as autoridades daquele país como uma das maiores preocupações de Washington.
O Governo de Xi Jinping negou categoricamente em abril passado que o seu país esteja por trás da exportação de precursores de fentanil, em resposta a uma carta enviada pelo Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, solicitando cooperação nesse assunto.
López Obrador sustenta que o fentanil chega aos Estados Unidos diretamente da China e nega que a substância seja fabricada no seu país, embora o seu Governo tenha destruído vários laboratórios clandestinos onde se fabricava essa droga.
Apesar de tudo, a nova ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, esteve na reunião de hoje para integrar a nova coligação.
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