O anúncio foi feito por Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no final de uma reunião entre o Presidente da Turquia e o primeiro-ministro da Suécia, em Vílnius, na Lituânia, um dia antes do início da cimeira da Aliança Atlântica.
"É um dia histórico, é um compromisso verdadeiro", disse o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), sem apontar quando vai ser feita a ratificação turca, principal obstáculo à adesão sueca, mas assegurando que "vai ser o mais rápido possível".
O parlamento turco terá agora de deliberar sobre o protocolo de adesão sueco e ratificá-lo para que o processo acabe.
À semelhança da Turquia, o parlamento da Hungria ainda não o fez, mas Jens Stoltenberg descartou que isso não aconteça agora que Ancara está a um passo de validar a adesão de Estocolmo.
O secretário-geral da aliança político-militar, da qual Portugal faz parte como país fundador, acrescentou que a adesão da Suécia tem especial importância "neste momento crítico" que o mundo está a viver por causa da invasão russa à Ucrânia: "Vai fazer com que sejamos mais fortes".
Glad to announce that after the meeting I hosted with @RTErdogan & @SwedishPM, President Erdogan has agreed to forward #Sweden's accession protocol to the Grand National Assembly ASAP & ensure ratification. This is an historic step which makes all #NATO Allies stronger & safer. pic.twitter.com/D7OeR5Vgba
— Jens Stoltenberg (@jensstoltenberg) July 10, 2023
Ainda assim, a Suécia vai participar na cimeira como país convidado na condição de candidato, ao contrário da Finlândia, cujo processo de adesão começou em simultâneo com o sueco, mas que acabou há três meses, com a integração plena de Helsínquia enquanto 31.º Estado-membro, no início de abril.
Ancara acusava Estocolmo de dar asilo a elementos do PKK, que considera uma organização terrorista, providenciando-lhes uma base para coordenarem as operações em solo turco.
O PKK está acusado de tentar depor o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan em 2016 e de promover um movimento insurgente no país que já provocou inúmeras vítimas.
As negociações entre os dois países estão a decorrer há meses, mas sofreram vários reveses, o último no final de junho, quando um homem queimou uma cópia do Alcorão em frente a uma mesquita em Estocolmo.
A Suécia, país que criticou no passado o desrespeito pelos direitos humanos pelo Estado turco, acedeu a parte dos pedidos de Ancara através do reforço as leis antiterroristas, que entraram em vigor em 01 de junho, e também concordou com a extradição de alguns dissidentes para a Turquia.
Contudo, Estocolmo recusou extraditar um jornalista acusado de apoiar o PKK, mas que, ao abrigo da lei sueca, não pode ser acusado de estar envolvido em atividades terroristas, o que manteve o clima de tensão entre os dois países.
O finca-pé na ratificação da adesão sueca pelo parlamento turco também podia estar a ser utilizado por Ancara como moeda de troca para uma ambição do país: adquirir caças F-16 aos Estados Unidos da América (EUA).
Em outubro de 2021 a Turquia pediu autorização para comprar F-16 no valor de 20 mil milhões de dólares (pouco mais de 19 mil milhões de euros), assim como a modernização de 80 aeronaves que as Forças Armadas turcas já possuem.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, endossou o pedido e pediu ao Congresso que finalizasse a autorização. Contudo, o processo de aquisição está parado desde então, por haver congressistas que se opõem até haver progressos do executivo de Erdogan em matéria de respeito pelos direitos humanos.
Membros das duas câmaras do Congresso norte-americano também criticam a postura de Ancara de atrasar o processo de adesão sueco, pelo que recusam ceder ao pedido para adquirir os F-16 enquanto a Turquia atrasasse o processo.
[Notícia atualizada às 21h21]
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